quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

:: Sempre Haverá Nós Dois

Não há mais nós dois. Nunca haverá de novo.
Não é por ninguém, nem vou mentir e dizer que é por mim.
É por você, e só.
Pelo seu jeito displicente, seu cabelo desgrenhado, seu sorriso fácil,
seu jeito de me olhar assim meio de lado.
Pelas suas mentiras doces que um dia eu gostei tanto de escutar.
Pela sua mania de querer me agradar, de querer me consertar,
de querer juntar em mim cada pedaço quebradiço de você.
De olhar no seu olho e me enxergar,
não porque o meu reflexo bate a luz dos teus olhos,
mas porque nos temos um no outro.
Há mais de nós dois. Sempre haverá de novo,
Porque o que verdadeiramente nasce,
não fenece com o tempo, nem morre tampouco.

:: Castelo de Cartas

Ela entrou no banheiro e ligou o chuveiro.
Enquanto a água escorria pelo ralo, suas lágrimas escorriam pelo rosto.
Ninguém a ouviu chorar, mesmo no seu soluço alto, abafado pelo barulho d'água.
Muito menos a viu chorar. Ninguém a via de fato.
E assim, ela voltou ao seu lugar.
Ao seu papel de menina com o sorriso perfeito,
com seu castelo impenetrável de cartas de contos de fadas.