segunda-feira, 2 de julho de 2012

:: A letra G

Jardineiro gaio sempre a brincar
Nas varandas e janelas do meu jardim
Teus olhos jade a me guardar         
Me plantou no peito uma jasmim

Menino grande sempre a sorrir
Teu gosto doce se gravou em mim
Ganhou meus sonhos sempre ao dormir
Te guardei foi junto a pele meu querubim

E a gente deita juntos na relva grama
E brinca - mas jura que mesmo que gire
A roda-gigante do mundo
Que juntos a gente fica

domingo, 1 de julho de 2012

:: Sol

E um dia suas mãos seguraram as minhas
e teus pés alcançaram os meus
tão meu, os teus sorrisos
tão seu, os meus tantos eus

As noites de sono veladas
a respiração ao pé do ouvido
os abraços no meio da madrugada
as confissões

A cabeça encostada no peito
o Sol invadindo a janela
fazendo a gente brilhar

A gente querendo mais dias
e esquecendo o relógio
só pra ver se tempo passa mais devagar

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Era pra ser?

Era pra ser. Era pra ser. Era pra ser.

 Mas não é.

Ele tinha tudo que uma garota quer: era bonito, alto e confiante. Seu abraço me envolvia, suas mãos pareciam que foram feitas pra me proteger. O corpo que se enlaçava com as pernas minhas. O encaixe perfeito, entre o encontro de duas retinas. Sua pele, sua voz. Sua ideologia. Tudo dele me chamava pra ele, tudo me atraía.

Era pra ser, talvez em outra vida. Se eu fosse outra, se talvez eu fosse minha.

Se não era tudo isso que construía, o que mais seria? O que será que é?

Era ele? Era eu?

Onde se perdeu o nós que não consegui construir? Que não consegui vislumbrar?

Se nem isso foi suficiente para eu amar, então nem sei mais o que o amor é...

terça-feira, 3 de abril de 2012

:: Aquela menina

Eu sempre serei a menina a olhar maravilhada a chuva que cai sobre as árvores do jardim de flores da casa de trás. Mesmo que pereça o tempo, que morram as flores, que se apartam os amores, que a casa nem exista mais... Eu sempre serei aquela menina em pé na varanda, a olhar embevecida e, enxergar em cada coisa pequenina, o milagre da vida... Porque o que verdadeiramente é, não se perde ou se vai jamais...

:: Felicidade

Sou feliz com o que tenho hoje. Não vou me preocupar com o que pode não ser... A vida é minha para ser vivida, a vida é minha para ser ousada.

:: Primavera

Meu corpo anda cansado, mas minha mente é forte. Andei por lugares de vegetação densa, nas noites escuras de um inverno sombrio, carregada por minhas pernas fracas, quase sempre cambaleantes. Segui sem rumo sem prestar atenção nos caminhos, alheia às coisas e corações tranquilos.

Minhas mãos calejadas pelo infortúnio da descrença, da lágrima contida, da atrofia do riso, da camuflagem que me vesti e esqueci de tirar. Pra me proteger de um mundo como se o próprio mundo não protegesse àqueles que decidem acreditar.

Hoje eu sei, quantas mãos passaram pelo caminho estendidas e deixei de agarrar. Quantos braços nos abraços não consegui dar, quantos corações vieram e não consegui me doar, não consegui.

Presa por voragens e amarras que não consegui desatar, não consegui.

Do grito preso no fervor das minhas entranhas que não consegui soltar. Até perceber que o caminho em si já era a resposta e não um lugar propriamente dito...

Até que a dádiva da primavera em mim se fez quando você chegou. Você me invadiu assim, sem a permissão pensante, dos que chegam sem avisar, com seus cheiros, aromas, flores e cores.

E tal qual ela, conforme os dias passam, o dia aumenta e a noite encurta aos poucos, a luz dos dias foi brincando no meu rosto. De ser leve, de ser livre, de ser doce. Tal qual o barulho de brisa presa-eterna-livre de uma concha do mar.

E de repente quando me vi, estava fechando meus olhos para poder te encontrar. Pois já não é mais a mesma noite, nem mais o mesmo dia, tão pouco eu jamais...

:: Celebração

O que dizer da fragilidade da vida?

Sei que é preciso viver. Sentir. Sorver tudo, de todas as formas, dentre todas as maneiras. Porque isso é certo: ninguém sabe o dia de amanhã e a vida muito curta pra ter medo de ser feliz.

É preciso experimentar todos os nossos sentidos, se permitir mais do que nos permitimos. Acreditar mais, sofrer menos, ter fé. No outro, na gente, no espetáculo da vida em forma de natureza. Na bondade do espírito. Em corações tranqüilos. Todos nós temos fantasmas e abismos e medos, mas a vida não para por isso...

Que a gente aprenda a se arriscar mais, rir mais, a se levar menos a sério... porque descomplicar as coisas, também é uma maneira de ser feliz. Que a gente aprenda que experimentar a queda, não é apenas sinônimo de cair, e sim, de se jogar de braços abertos, seja a uma causa, a uma crença, a outros braços, à própria vida. Que eu celebro hoje só por existir.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

:: E fim

Eu passei um tempo longe de mim, longe daquela casa quentinha que a gente leva dentro da gente. Eu me afastei tanto da estrada do coração que por muito tempo eu esqueci como voltava. Eu me esforcei tanto pra cada coisa pequena caber no espaço grande do coração que levo, que só depois eu percebi que não se encaixava justamente por ser pequeno. Eu chorei durante tantas noites com o coração apertado por sentir e me sentir culpada. Eu agarrei as minhas pernas com tanta força, na tentativa errada de me prender as suas. Quantas noites eu procurei as suas mãos mas não encontrei. Quantas noites eu te busquei em silêncio sem nem você saber. Depois de tanto tempo eu olho pra trás e percebo meu sorriso naquela época: amarelo, congelado no tempo como numa fotografia velha em preto e branco. Me agarrando às cores que você me deu pra tentar pintar algo bonito pra gente. Mas não se faz aquarela de tintas escuras e imagens borradas. É o princípio das coisas: é preciso de vida para algo viver. E assim você morreu, ou eu… porque quando acabou, algo em mim também se foi. Eu não era feliz, eu sei disso, eu sei. E durante muito tempo me vesti de cores e poses que não eram minhas só pra poder te ter por perto. Até agora.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

:: Catarse

Me rotule! É o que as pessoas gostam de fazer. Rotular as coisas e as pessoas como se tudo aqui já tivesse sido criado, com nome e forma, sombra e verso, mesmo a gente se deparando com o milagre do novo a cada instante.

Então eu sou mesmo uma louca, uma desesperada. Ansiando pelo frêmito nos cabelos e o espasmo em cada músculo, a cada risada. Meu corpo procurando pelo movimento, se encaixando de incoerências e contradições, na busca voraz de sensações vividas pela ponta dos dedos e do arrepio dos pelos.

É que eu nunca fui boa nessa coisa de me esconder, de me conter, de embrulhar a vida e guardar pra depois. E pra quê? E pra quem, se não for pra mim?

Minha alma é excesso, explosão, é um vendaval que não se anunciou.

Sentir a beleza dos encontros, dos acasos, dos impactos, dos choques entre os seres quando se esbarram, é o que agora me faz feliz, ainda que essa não seja a minha maior crença.

É nessa hora que você vira e me pergunta: ”Inferno! Então no que é que você acredita?”

Eu acredito tão mais num coração pulsante...

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

:: Texto inacabado

Como em tantas outras noites, acordei com um texto na cabeça, a diferença dessa vez é que tinha você aqui, dormindo comigo pela segunda vez. Tentei levantar sem fazer barulho, acendendo o abajur do criado mudo pra começar a escrever na minha velha poltrona agora com cara de nova. Mas não adiantou meu esforço de pés de formiguinhas porque você acordou com a luz acesa do outro lado da cama e me olhou com a cara amassada mais linda que eu já conheci, me olhando com aquele olhar de quem não tava entendendo nada. Virando todo desajeitado pro pé da cama, só pra poder me tocar enquanto você mais dormia do que acordava. E eu disse pra você – “volta a dormir amor” te dando um beijo no seu olho com cara de mau, porque seu olho com cara de bonzinho tava esmagado debaixo do seu braço esquerdo que te servia de travesseiro nessa hora. E depois que você se convenceu de que não ia me tirar da poltrona ou porque simplesmente apagou mesmo, eu fui me dar conta no que tinha acabado de te falar. E aí o texto tão forte que tinha me tirado da cama do seu lado, desapareceu no meio de tantos outros textos inacabados no meu caderno de rascunhos e eu comecei a escrever sobre você pela primeira vez. E não foi por falta de sentir, de desejar escrever algo de bonito pra você, depois de tanto texto idiota escrito pra tanta gente imbecil. Porque é mais fácil ser triste amor. E eu antes escrevia por ser triste, por ler tristeza nas minhas linhas e nos rostos mal iluminados das pessoas ao meu redor. E eu me alimentava disso sem nem sequer perceber. Só que eu agora escrevo por ser feliz e por mais que alguém me conte uma história infeliz e eu tente passar isso pro papel, eu não tenho conseguido mais. Talvez eu te mostre esse texto um dia, talvez eu não te mostre jamais. Mas acontece que pessoa paranóica como eu, que sempre odiei essas generalizações no amor, de chamar o outro de “mô, benzinho, amore” e por aí vai, sempre inventei nomes diferentes pra chamar cada namorado, por achar desleal uma pessoa especial ser chamada igual a outra, chamei você de amor. Coisas tão comuns que os casais falam há séculos por aí. E aí uma pessoa dessas poderia dizer que dessa vez foi mais sincero, que dessa vez foi diferente pra alguém tentar acreditar, quem sabe ela mesma. Mas eu, que nunca tive problemas pra me relacionar, mas que ao mesmo tempo nunca acreditei no amor, nunca tinha dito isso pra ninguém, nunca tinha sentido isso por ninguém. E você nem sabe como eu me sinto perto de você, de como eu prendo a minha respiração quando a gente se perde no tempo se olhando, aí, só depois, eu lembro que eu posso respirar e te olhar ao mesmo tempo. Ou de como eu adoro me jogar nas suas costas largas e me sentir pequena e protegida ao mesmo tempo. De todas as vezes que a gente faz amor e é diferente. De como eu adoro deitar sobre seu peito e sentir seu coração bater , ou de como ele e seu corpo reagem aos meus carinhos ou gestos mais safados. To falando dessa total entrega, que tanta gente busca, e tão poucas tem. Que a gente desacredita que exista com o tempo por nunca ter encontrado também. Talvez seja injustiça não te mostrar isso tudo e me abrir assim, pra tanta gente que nem ao menos sabe quem eu sou. Que não faz a mínima idéia de que eu converso no telefone rabiscando a perna, que eu passei anos da minha vida não dando meus ursinhos de pelúcia porque achava que eles ficariam magoados comigo, que eu gosto do meu leite com duas colheres cheias de Nescau e que apesar de ter medo de escuro, só durmo sem a luz estar acesa. De como sou uma manteiga derretida, mas sempre faço cara de que “tá tudo bem“, da forma como eu internalizo as coisas ou do jeito como eu não sei pedir ajuda pra ninguém. E você que tem participado de tanta coisa, te deixo de fora. Mas a opção de me olhar lá no fundo dos olhos e de se enxergar, só você tem. Eu, que já escrevi tantas histórias em primeira pessoa que nem eram minhas, te digo amor: esse texto é seu, é nosso e não tem conclusão porque não tem fim.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

:: Do amor e outras coisas

Há coisas que não precisam ser ditas, mas mesmo assim é preciso saber com o coração, que lá no fundo, por mais que a gente saiba e os gestos contem, ouvir de quem se ama que se ama, nunca é demais. Não deixar lacuna nos dias, nas ações e nos diálogos, não deveria ser algo que a gente aprende, aceite e passe a conviver. Tem tanta gente melhor do que solidão a dois machucada. A gente deveria perder o medo de viver com a gente mesmo desde cedo, mas parece que a gente só aprende depois de levar tanta rasteira da vida. Brigas e desentendimentos fazem parte de qualquer crescimento de uma relação, a gente briga com a gente mesmo a toda hora, por querer se desprender de tanta amarra que se leva no peito, que dirá com outra pessoa que teve experiências tão diferentes das nossas. O que não pode e não se deve aceitar é essa parte ser maior do que os dois juntos. É preciso ter espaço pra sentir, ser, crescer, mas sempre em liberdade, que é pra não arranhar. Como toda plantinha que precisa de cuidado todo dia, mas se você um dia não aumenta o vasinho com a terra que ela precisa, um dia ela para de crescer. E eu vejo tanta história de relação morrer assim todos os dias... E histórias de gente apressada que quer transformar semente em árvores. Nada cresce assim, a natureza tem seu tempo assim como o coração da gente. E quando uma história não vai bem, não significa que todas as outras que viver serão assim. Mas é preciso vigiar o coração pra não repetir padrões. E é preciso de tempo, muito tempo. Um coração ferido, não ama, não se entrega, não vê beleza onde quer que olhe, tudo dói e tudo pesa. Aí depois a gente fica se perguntando porque não deu certo. Uma vez li que não existe a pessoa certa e sim, a hora e o momento certo, quando li isso pela primeira vez discordei, achei absurdo e fiquei revoltada. Tão longe do sonho romântico que a gente carrega desde menina, com histórias de príncipes encantados prometidos e Cinderelas em carruagem com cavalos brancos. Mas quando li pela segunda vez eu entendi: há momentos na nossa vida que não estamos preparados pra receber, nem dar, amor. Quantas pessoas realmente legais já passaram por nós e nós nem enxergamos; quantas vezes a gente já olhou escondido pro passado e se perguntou o que teria acontecido se tivesse dado tal chance a tal pessoa; quantas relações seriam diferentes em épocas diferentes, com idades e maturidades diferentes... Quanto mais eu cresço eu vejo que estar com a pessoa certa tem mais a ver com o momento certo do que propriamente com ela. Eu sei, eu sei... é difícil aceitar isso e se desfazer dos sonhos e de papéis encantados que um outro ser humano exerce na gente. Mas se desfazer das desilusões é encontrar o caminho mais cedo para a felicidade. Que assim o encontro - que todos nós levamos secretamente lá no fundo, de almas perfeitas e gêmeas que se encontram e se encaixam desde o primeiro olhar - possa ser mais verdadeiro e mais justo com o outro e com a gente mesmo. Pra que aí sim, o encontro possa ser inteiro.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

:: Totalmente dedicado

Era nosso segundo encontro. Eu estava ansiosa para vê-lo de novo. E me encontrar naqueles olhos infinitos quando olhavam pra mim. E fui andando assim, na direção dele, com calma e o coração pulsante. E perguntei meio sem graça se estava muito atrasada. Ele, do alto daqueles olhos doces, me respondeu sorrindo: - Só a minha vida toda...

domingo, 14 de agosto de 2011

:: Era uma vez pra sempre

Era uma vez uma menina que teve o coração endurecido por palavras de pedra. Até que um dia, palavras floridas, fizeram brotar jardins de dentro dela. E esse não é o fim dessa história, é tão somente o começo dela...

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

:: Primavera minha


Meus versos, teus versos
serão para sempre teus,
do último até o primeiro.
Hei de cantar tua tristeza e tua beleza,
e de tanto decantar-te amor
numa alegria contida em pranto,
teu encanto no outono há de se fazer.
Mesmo o mais frio e chão cinzento,
tua cor e teu aroma em flor hão de preencher.

:: Janelas de mim

Para quem disse que você não tinha coragem, você enfrentou a ti mesmo. Para quem disse que você não ia se levantar, você aprendeu a alçar voos como o melhor dos passarinhos. Para quem disse que o teu céu era cinza, você expôs um jardim aberto em flor. Para quem disse que teus sonhos estavam desmoronados, você reergueu cada um e se transformou. Para quem disse que seus motivos para viver eram os errados, você mostrou que tua beleza minimizou a dor do mundo.

E para mim coube, revelar-lhe a mentira. Que disse um dia que você não possuía a chave. Mas só para ti confesso amor: nunca houve chave ou portões para serem descobertos. Meu peito sempre esteve aberto para deixar tua luminosidade entrar.