terça-feira, 14 de dezembro de 2010

:: O dono do meu guarda-chuva

E em meio à tempestade ele apareceu: Me oferecendo abrigo com o seu guarda-chuva velho e furado.
E eu sabia que aquele guarda-chuva não me protegeria nem da chuva, nem do vento. Mas no meio daquela confusão de gente vindo e indo contra todos e contra mim, ele parou e me estendeu o braço.
Mesmo diante de toda aquela tempestade...
Ele vinha na direção oposta de tudo, na direção contrária de todos. Daquela correria frenética dos que querem chegar a qualquer lugar e se proteger, e que por ser assim, não chegam a lugar nenhum.
Ele por ter lá seus tantos anos e já alguns cabelos brancos... parou e caminhou comigo. Por saber que andar nessas horas é melhor do que correr, que no fim de tudo, a chuva sempre passa e na manhã seguinte sempre abre um sol bonito.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

:: Retrato

Fui tentando entendê-lo assim: aos poucos e ao longe. Decifrá-lo, porque segredo nunca foi meu forte.
Tentei capturá-lo numa conversa distraída, num sorriso despretensioso. Num olhar que só eu captei e registrei. Sob os olhares atentos das minhas lentes disformes. Do meu olhar embaçado e quase sempre equivocado.
Tirei o seu retrato e te guardei em mim, que vinha assim, na minha direção, com um sorriso cheio de paz. Tentando torná-lo pra sempre em mim.
Mesmo que desde sempre eu soubesse que o tempo descolore e apaga as imagens mais doces.

:: Prescrição

Tem um mundo debaixo do meu sofá. Por lá já caiu tampa de acetona, par de chinelo, roupa molhada, amores mal resolvidos, saudades imensuráveis. Poeira também tem por lá, você sabe, sempre sobra algo para você varrer, limpar e jogar longe. Sujeira tem um pouco, afinal de santa e pura me resta pouco. Sujeira para debaixo do tapete nunca. Prefiro a clareza do escuro, o short sujo, mancha na cara à mentira mal lavada! Melhor se expor a bactéria, correr risco de infecção, arder em febre, do que viver uma vida morna e chata. Só assim a gente ganha imunidade, aumenta a resistência, fica menos doente e vive mais feliz.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

:: Epílogo

Leia-me
com todos os teus sentidos
de ante-mão a impressões ou críticas
Desvenda-me
prefácio, lírica e capítulos
Busca-me
a dedos cegos e olhos líricos
onde leve, a poesia faz segredo
nos teus degredos a me tentar
Bocas e letras a desvendar teu alfabeto
tuas mãos a percorrer os meus relevos
tuas páginas a serem lidas a me completar
Que relevem a minha incoerência poética
de quem ainda não aprendeu o que é amar
Mas no meu livro o final é certo:
Amo-te prefácio e todos os capítulos quero

:: Ele

Da primeira vez que olhei pra ele não prestei muita atenção. Era o tipo de cara comum a primeira vista. O tipo de pessoa que você tem que olhar de verdade para enxergar. Mas em algum momento, alguma coisa ficou no ar. De repente foram as conversas no final da tarde, ou as confidências trocadas sem se perceber, algum olhar que tenha deixado marca, ou apenas a vontade de encontrar no outro, um pouco de você.
Não sei o que foi, nem onde aconteceu, nem mesmo se deveras aconteceu.
Talvez isso tudo seja apenas a vontade de um coração bobo... em acreditar de novo.

:: Prefácio

Muitos não entenderam a capa do livro, feita para confundir o leitor. Poucos se aprofundaram na leitura por não compreenderem a linguagem.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

:: Projeto Asa

Muita coisa pra acontecer pra 2011, aliás, segundo a astrologia 2011 é o meu ano. De promessas de novos amores e grandes realizações. E acho mesmo que é. Não que eu acredite que isso funcione de fato, mas como estou numa busca pessoal por mim mesma, nada mais natural do que me encontrar.
Projeto Asa, tive essa ideia a algum tempo, mas que pela correria do dia a dia, deixei de desenvolver, fiquei ocupada com as obrigações, naquela desculpa de que a gente nunca tem tempo... parei de pensar nele e deixei ele lá no fundo de uma gaveta qualquer, preso na minha memoria. Até que nesses dias eu sonhei com ele, literalmente, e tive uma visão dele, concluído e disseminado. Todo cheio de forma, todo cheio de vida, todo cheio de cor. Voltei a pensar nele, vi o que faltava, defini o que é exatamente, quais as propostas, escolhi o nome... enfim, defini uma série de coisas que antes eram apenas ideias escritas numa folha de caderno. Agora to na fase de pensar em todas as formas de torná-lo viável, acessível e sustentável. Não da pra falar ainda o que é, mas é uma coisa legal, mas o mais importante pra mim, é principalmente, inclusora, feito para trazer para uma outra realidade, dar nova perspectiva, para aqueles que não podem pagar.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

:: Queijo com goiabada

Sou criança. Cresci assim, acreditando em contos-de-fada e em finais felizes. Gosto de brincar, procurar desenho em nuvem e descobrir em cada coisa pequena uma alegria enorme e que satisfaz. A cara amarra de contrariedade. Os olhos pequenos de felicidade. O sorriso grande de ingenuidade. Sou assim. Não entendo o mundo das pessoas grandes, com suas correrias, paranoias e preocupações. Ainda mais quando eles se comportam como gente pequena, não de idade ou de tamanho, mas aquele outro tipo de grandeza.

O mundo pra mim sempre foi grande, mesmo brincando de cabaninha dentro da minha casa. O importante são os nossos sonhos, a nossa imaginação. O que a gente leva dentro da gente e só. Não entendo porque os adultos perdem a capacidade de sonhar, é tão fácil. Você tem uma ideia, imagina e pronto! Ali está ele pronto pra se começar a acreditar. Às vezes o céu é cinza e a nuvem escura, mas existe a aquarela, feita de amor e sonhos, pra pintar em cor e alegria o horizonte da gente. Ainda tem o arco-íris, que foi feito pra lembrar que mesmo na chuva o céu pode ser colorido.
Tenho um coração maior do que eu, nunca sei minha altura, mas não importa, vivo querendo crescer mesmo. Mesmo que um dia eu chegue lá no alto e veja o mundo bem pequenininho e as pessoas como formiguinhas, quero continuar enxergando todo mundo bem grande. Você sabe, nunca é uma questão de altura.

Tenho um monte de medo, mas coragem também. Um dia minha mãe me ensinou que não é coragem se não tiver medo. Que vale a pena andar de bicicleta, mesmo que a gente caia no início e rale o joelho. E que a prática sempre leva a perfeição. Ela me falou também pra sempre ouvir e respeitar os mais velhos, mas que isso não significava que eu precisava concordar com eles. Me explicou que conselho todo mundo tem pra dar, mas pra ter cuidado de quem vinha. Ela falou “você sabe minha filha, os adultos sempre acham que sabem de tudo, e nunca sabem de nada. Que a tristeza e o erro deles nunca sejam os seus”. Ela sempre me entendia, sempre foi criança como eu.

Enxergo o mundo assim: aos olhos arregalados de uma criança, onde o mundo é tão grande, tudo é tão colorido, porque tudo me parece sempre tão novo e tão bonito, que eu acabo me distraindo.
Mas criança é assim mesmo, brinca, pula, salta, chora, adoece, fica com raiva e amanhã esquece. Não liga pra embrulho, laço de fita ou preço. Coisa pouca faz feliz.
Me dê um chocolate, um bilhete, uma ligação inesperada, uma visita fora de hora, tudo fora de regras e medos, fora de moda e preceitos. Assim, como goiabada e queijo: simples, mas gostoso.

domingo, 24 de outubro de 2010

:: Frases...

Seja simples, mesmo tendo uma cultura extensa, a simplicidade tem mais a ver com as nossas atitudes do que com as nossas preferências.

:: Frases...

A arrogância não é uma virtude, ela nos cega, não nos deixando ver o outro tal como ele é, e a nós mesmos. A humildade sim é uma virtude, mas não se vanglorie por isso, pois aí já faz morada a vaidade.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

:: Primavera

Um dia meu olhar encontrou com o dele. E primavera então se fez.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

:: Re-lógi(c)o

Eu fico imaginando se o tempo passa como o relógio marca
Em ciclos que se perpetuam em círculos perfeitos
Mais tempo. Mas tempo, você não volta atrás?
Cadê a chance para o recomeço?

Meu ponteiro aflito não perdoa
Gira tic tac tic tac tic tac
Girando junto com a minha cabeça
E me mostra que ele não me espera

Já é tarde, passam das duas
O dia já virou noite em madrugada
Mas eu decido que é cedo novamente
E agora são seis da manhã no relógio da escada

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

:: Voo


Fico me perguntando onde me perdi de mim e se ao me perder teria eu encontrado um novo caminho para existir. E se esta for a melhor maneira de se reinventar? E esquecer de todo o paradigma que nos cega? Na eterna busca por respostas não óbvias me despeço da hipocrisia que me cerca. E vou...


domingo, 3 de outubro de 2010

:: Segundo Turno

Acho que estamos aprendendo a votar, o segundo turno mostra isso, mas mais do que isso o crescimento justo, merecido e notável da Marina mostra que finalmente estamos caminhando para o que é certo. Pode não ter sido dessa vez, mas estamos chegando lá.
Serra que agradeça aos eleitores inteligentes da Marina por este feito.
Rumo ao segundo turno é ficar na torcida para que o Alckmin ganhe ainda no primeiro turno pra Serra vir com força total e desbancar de vez essa criminosa política vigiada pela Interpol, ex-guerrilheira da ditadura e ditadora mascarada de mulher do povo, Dilma Rousseff.


:: Nessa estrada

Esse final de semana uma amiga veio aqui pra casa e a gente ficou fazendo música a madrugada toda, na verdade era pra ter saído uma música sobre as lembranças gostosas do passado, dos sentimentos nostálgicos ao relembrar épocas que não voltam mais e acabou saindo isso daí... rs. Não era nossa intenção inicial, mas às vezes a música se faz sozinha... E ainda por cima, meu violão tá sem a primeira corda mi... Então é isso aí, esta aí a música que nos rendeu horas de esforço e trabalho mútuo... hahah

Letra: Aline d'Able e Carol Olive

Vejo tudo tão errado
Quando olho pro passado
Penso que nada mudou

Lembro, estava do seu lado
Esperando um abraço
Quando tudo terminou

Você disse não importa
Não tem volta, tá ruim
Acabou nossa história
É melhor deixar assim
Você sabe tudo acaba
Tudo sempre tem um fim

Eu to sozinha nessa caminhada
To sozinha nessa estrada
To tentando me achar
Enquanto eu não me encontro
Fico aqui no mesmo canto
Deixo a vida me levar

E eu vou sair
Fugir do seu encanto
Seguir por outra rota
Deixo a estrada me guiar

Pois aprendi
É melhor viver sozinha
Do que viver numa mentira
Pra depois ter que acordar





segunda-feira, 27 de setembro de 2010

:: Rua da Desilusão

Tranquilidade, Silvana Violante


"Desculpe, volte amanhã para o amor" dizia uma placa de madeira presa em uma porta qualquer, na Rua da Desilusão.

domingo, 26 de setembro de 2010

:: Cale-se

Onde encontrar o cálice da felicidade
ou só beberei o da tristeza?
Tal qual néctar puro de uma rosa
que aos poucos foi se transformando
num amargo fel.
Mas enquanto houver vida, viverei
para amá-la e se preciso morrerei.
Morrerei lutando contra uma saudade atônita
que deixastes, que devorará o meu ser em frágeis
gotas de lágrimas que morrerão nos teus lábios
que aqui jazem.

sábado, 25 de setembro de 2010

:: O Nascimento de Vênus



O Nascimento de Vênus, Sandro Botticelli

"[...] Ver não é o mesmo que olhar, assim como ouvir não é o mesmo que escutar. Ver envolve apenas o esforço de abrir os olhos; olhar significa abrir a mente e usar o intelecto. Olhar uma pintura é como partir para uma viagem - uma viagem com muitas possibilidades, incluindo o entusiasmo de compartilhar a visão de uma outra época. Como qualquer viagem, quanto melhor a preparação, mais gratificante será a expedição." Robert Cumming in Para entender a arte.


Essa pintura datada da época de 1485 foi a primeira pintura renascentista com um tema mitológico, na época os grandes artistas retratavam apenas cenas bíblicas e/ou religiosas, essa pintura revolucionou sua época.
Botticelli pintou a chegada de Vênus - ou Afrodite - seguindo à risca o que narra Homero em Hino a Afrodite, onde ela chegara à ilha de Citera, onde nasceu no mar. Conta a lenda que Vênus desembarcou de sua concha na ilha de Citera e depois para a ilha de Chipre. Ela é considerada a deusa da fecundidade, sob seus passos a natureza florescia, as flores germinavam. Mais tarde passou a ser venerada também como a deusa do amor em todas as suas manifestações: desde o mais puro sentimento amoroso até o amor erótico.
Reparem que a obra pode ser dividida em três partes: com Vênus ao centro , com a ninfa à direita e Zéfiro e Flora à esquerda.

A área da direita é denominada pela ninfa Hora, que recebe a deusa. Ela traja um vestido branco, bordado de flores entrelaçadas representando a primavera - época de renascimento e renovação da natureza. A ninfa carrega na cintura um ramo de rosas e em torno dos ombros uma guirlanda de mirta verde, símbolo do amor eterno. Hora ainda carrega a veste preparada para a deusa do amor que está enfeitada com flores primaveris. A primavera é a estação dedicada a Venûs - é a época dos amores.

A área da esquerda é dominada pelo casal Zéfiro e Flora, os ventos que sopram a concha em direção à margem. Zéfiro é o vento do oeste. Ele é a brisa suave da primavera e aparece abraçado à esposa. As rosas vistas neste lado da tela são sagradas e foram criadas simultaneamente ao nascimento de Vênus, daí serem o símbolo do amor: as rosas são flores delicadas, mas com os espinhos, para lembrar que o amor também fere.

Minha pintura favorita da época do Renascimento. Ler e entender sobre a arte tem me ajudado muito a entender e interpretar a própria vida, com um olhar mais crítico e apurado e ao mesmo tempo, não menos filosófico.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

:: Sem sentir

Queria poder dizer que já amei mais que tudo, que já acreditei em felizes para sempre, que já disse eu te amo pra todo sempre. Queria ter podido sentir um fim de relacionamento, de chorar cada lágrima ao ouvir uma música, até não restar nenhuma pra contar em tristeza e dor o fim de um grande ou verdadeiro amor. Queria ter tido a sensação de ter velado o sono de alguém durante a noite e rezar bem baixinho agradecendo por aquele homem ou aquele momento. Queria ter sentido o que só se sente na alma, o que só com os olhos se diz e o que com palavras não se expressam. Queria ter acreditado em tanta coisa, queria ter sentido tantas outras... Mesmo que a vida sempre tenha me doído, sempre a tenha sentido lá no fundo, em espasmos e dores, em alegrias e volúpias, nesse grande palco de encontros e desencontros que a vida é, eu nunca senti o prazer doloroso, de amar louca e verdadeiramente alguém.




Losing My Religion (Perdendo Minha Religião) R.E.M na versão da Anouk

A vida é maior
É maior do que você
E você não sou eu
Os extremos que eu irei até
A distância em seus olhos
Oh, não, eu disse demais
Eu causei tudo isso
Aquele sou eu no canto
Aquele sou eu sob os holofotes
perdendo minha religião
Tentando me igualar a você
E eu não sei se eu consigo fazer isso
Oh, não, eu disse demais
Eu não disse o suficiente
Eu pensei ter ouvido você rindo
Eu pensei ter ouvido você cantar
Eu pensei ter visto você tentar
Cada sussurro
De cada hora acordado, estou
Escolhendo minhas confissões
Tentando ficar de olho em você
Como um bobo magoado, perdido e cego
Oh, não, eu disse demais
Eu causei tudo isso
Considere isto
A dica do século,
Considere isto
O deslize que me deixou
De joelhos, fracassado
E se todas essas fantasias
Viessem nos rodear?
Agora eu falei demais
Eu pensei ter ouvido você rindo
Eu pensei ter ouvido você cantar
Eu pensei ter visto você tentar
Mas aquilo foi apenas um sonho
Aquilo foi apenas um sonho

terça-feira, 21 de setembro de 2010

:: É preciso

Para conhecer o calor do sol é preciso antes ter conhecido o vento frio no rosto
É preciso de uma grande queda para se levantar forte e rumo ao alto
É preciso perder a fé para aprender a confiar de novo
E é preciso conhecer o caos para aprender o que é a paz

É preciso ter visto o escuro para aprender a enxergar a luz
É preciso ter conhecido o ruim e o feio para reconhecer o belo
E é preciso o desespero para encontrar a tranquilade
É preciso de algemas para se dar valor a liberdade

É preciso haver separação para haver união
É preciso errar para aprender o que é certo
E é preciso haver a perda para encontrar algo
É preciso ir a lugar algum para encontrar o caminho

É preciso não ser para aprender a ser
E é preciso ter dois para ser um
É preciso menos para ser mais
É preciso fazer para acontecer

domingo, 19 de setembro de 2010

:: Protagonista de mim

Aceite da vida o que ela tem de ruim e de belo
Não importa na verdade aonde você chegará
Não importa muito aonde e quanto tempo leve
Só queira ir em frente sempre

Não limite-se por medo
Por perdas passadas
Por sofrimentos imagináveis
Não importa o que aconteça

Os caminhos nem sempre são seguros
As respostas nem sempre são as mais claras
As coisas nem sempre são do jeito que se espera

Não importa
Prefira ser o autor da sua própria vida
Protagonista de si mesmo, do que um mero espectador da própria história

sábado, 18 de setembro de 2010

Os Cegos do Castelo - Nando Reis



Eu não quero mais mentir
Usar espinhos que só causam dor
Eu não enxergo mais o inferno que me atraiu
Dos cegos do castelo me despeço e vou
A pé até encontrar
Um caminho, o lugar
Pro que eu sou
Eu não quero mais dormir
De olhos abertos me esquenta o sol
Eu não espero que um revólver venha explodir
Na minha testa se anunciou
A pé a fé devagar
Foge o destino do azar
Que restou
E se você puder me olhar
E se você quiser me achar
E se você trouxer o seu lar
Eu vou cuidar, eu cuidarei dele
Eu vou cuidar
Do seu jardim
Eu vou cuidar, eu cuidarei muito bem dele
Eu vou cuidar
Eu cuidarei do seu jantar
Do céu e do mar, e de você e de mim

:: Como o fogo

Sou como o fogo
Tudo em mim arde, tudo em mim queima
Tudo se acende e tudo esquenta
Sou como a chama
Que se consome rápido e incendeia
Quente, vibrante, viva

:: Do jeito certo

É como fechar os olhos para ver-te
Onde todos os meus sentidos se aguçam para buscar-te
Assim louca, assim trôpega, assim lânguida
Eu do meu jeito errado certeiro de te amar

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

:: Carolina - Caetano Veloso




Carolina

Carolina
Nos seus olhos fundos
Guarda tanta dor
A dor de todo esse mundo
Eu já lhe expliquei que não vai dar
Seu pranto não vai nada mudar
Eu já convidei para dançar
É hora, já sei, de aproveitar
Lá fora, amor
Uma rosa nasceu
Todo mundo sambou
Uma estrela caiu
Eu bem que mostrei sorrindo
Pela janela, ói que lindo
Mas Carolina não viu
Carolina
Nos seus olhos tristes
Guarda tanto amor
O amor que já não existe
Eu bem que avisei, vai acabar
De tudo lhe dei para aceitar
Mil versos cantei pra lhe agradar
Agora não sei como explicar
Lá fora, amor
Uma rosa morreu
Uma festa acabou
Nosso barco partiu
Eu bem que mostrei a ela
O tempo passou na janela
Só Carolina não viu

terça-feira, 7 de setembro de 2010

:: Amor primeiro

Lembro de ficar sentada aqui, nessa mesma varanda com você, ouvindo o barulho da chuva, vendo as árvores do jardim da frente dançarem bem à nossa frente, de ouvir os sons dos ventos e de imaginar os seus segredos, dos raios caindo atrás das montanhas e do seu jeito de me segurar firmemente. Da sua voz doce sussurrando aos meus ouvidos coisas das mais inapropriadas, dos momentos à meia luz no nosso quarto enquanto você me amava gentil e incansavelmente. Ou dos seus rompantes de romantismos a qualquer hora e ocasião do dia.
Lembro de ficar sentada aqui olhando o rio passar, esperando você acordar e me abraçar por trás da cadeira e me beijar a testa; da sua cara de assustado quando dizia que me amava mais que a própria vida; do seu sorriso travesso de criança; do seu cheiro à flor da pele minha; da beleza da nossa ingenuidade de acreditar em tudo isso.
Lembro de acreditar que juntos poderíamos mais, que nosso amor poderia nos levar além, além de tudo e de todos; e que sempre estaríamos juntos não importasse o tempo ou as situações que a vida nos impusesse.
Lembro do pinheiro do quintal de trás, que guardava nossos segredos; onde juntos gravamos nossos nomes dentro de um coração; onde deitados debaixo dele, fizemos juras de amor incondicional e de entrega, sob os olhares atentos dos céus estrelados e das noites intensas.
Lembro de tudo como se fosse hoje, seu beijo, seu amor, seu colo, seu cheiro... mesmo tendo se passado tanto tempo, mesmo tendo se quebrado tantas ou todas as promessas, mesmo que o amor nos tenha separado com o tempo, mesmo com as juras desfeitas, mesmo que a vida nos tenha levado a caminhos diferentes daquele que esperávamos, mesmo tudo tendo saído errado no fim das contas...
Valeu cada choro; cada lágrima; cada tristeza e lástima; cada entrega ou jura; cada sorriso; cada coisa; cada sonho. Só porque foram vividos com você... meu amor, primeiro.

:: Sobre as mudanças

Às vezes a gente quer desesperadamente que algo maravilhoso aconteça ao nosso redor,
quando a mudança verdadeira tem que começar de dentro pra fora, da gente para com a gente mesmo.
Não esperem que venham te salvar, ninguém aqui tem essa missão.
Faça sua parte e só.
O resto é por conta das circunstâncias.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

:: Reticência

Não temos nada,
apenas os pés descalços sobre a areia fina.
Nossas preocupações e medos
ficaram atrás da porta junto com os nossos sapatos.
Mas temos pés,
então andaremos com calma e paciência
um passo de cada vez,
construindo a nossa estória
e novas trilhas.
Está tudo azul e sincero agora,
finalmente em harmonia
e ao nosso alcance.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

:: À você irmã querida

Gigi,

Nossa, é até difícil escrever pra você... a gente já passou por tanta coisa... tantas coisas juntas, tantas separações, tantas coisas boas e tantas outras ruins.
Nós brigávamos feio, e feio é pouco pro que a gente brigava! Era porrada mesmo... Com direito à cabo de vassoura, porta de armário, pedras, sapatos de salto alto, garrafas de vidro, pisadas na cabeça, gessos quebrado na cara... Seja lá o que for que tivéssemos na mão. Parece até meio perverso, mas no fundo era engraçado. Dois minutos depois estávamos nós, brincando, como se nada tivesse acontecido.
Nossa infância foi conturbada, muita coisa foi difícil pra gente, muita coisa nos magoou, tivemos muitas perdas, ficaram muitas marcas... Nós poderíamos ter escrito uma história triste hoje, mas não foi o que aconteceu. Nós conseguimos passar por tudo, não saímos ilesas é verdade, mas saímos fortes, maduras, sensíveis.
Com o tempo veio a sabedoria e, aprendemos que cada um de nós, tem um tempo certo aqui pra aprender as coisas... E que por mais que quiséssemos, por mais que tentássemos mudar as coisas ou as pessoas ao nosso redor, elas não mudaram simplesmente só pelo nosso desejo, pelo maior e mais profundo grito de nossas almas.
Tão pequenas, tão inocentes, mas tão exigidas pela vida. Nos impuseram a crescer e a entender o que não era compreensível.
Irmã, nessa tortuosa estrada que vivemos, separadas pelas circunstâncias, mas unidas pela dor e por nossos corações é que aprendemos a amar, a crescer, a viver... E principalmente, a perdoar.
Tenho muito orgulho do que nos tornamos, mesmo que a vida ainda insista em nos derrubar...
Mesmo distante fisicamente, que bom que hoje a tenho do meu lado, mais do que nunca, mais do que sempre.
Sua força hoje me fez acreditar, de novo.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

:: No voo do pássaro

Se não me entende, apenas deixe-me ir ser livre para junto dos pássaros
Pois eu tenho de seguir por onde meus pés sejam asas para a liberdade.

:: Reflexos

Eu já vi você cair muitas vezes
E vi você levantar-se tantas outras
A cada impasse, a cada queda
Ergueu-se sempre como um gigante

O quanto forte você é
O quão impressionante é a tua luta
E eu já não posso descrever
O tamanho da tua angústia

Mesmo com toda a desesperança
Vi a garra, vi a força
De um homem de tantas ideias
De um homem de grandes mudanças

E por mais difícil que pareça hoje
Por mais duro que seja teu caminho
Amanhã é outro dia, um novo começo
Para aquele que sempre foi o meu maior espelho

:: Das verdades

Superficialmente as verdades mudam o tempo todo
Profundamente elas mudam muito pouco.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

:: Pretendo

Não pretendo mudar as coisas em você ou entre nós, só gostaria de poder mudar a mim mesma.
Não pretendo ser perfeita e nem espero que você o seja, mas que você entenda e respeite as dores que um dia a vida fez questão de me mostrar.
Não pretendo que você me entenda de todas as maneiras, mas que você sempre faça o seu melhor para que isso um dia aconteça.
Não pretendo que você me admire de todas as formas, mas que respeite cada limitação que eu ainda tenha.
Nnão pretendo que você aceite tudo que sou, mas que ainda assim você ame cada parte pequena minha.
Não pretendo, porque pretendo. Pois é quando o pretendido nasce, é que se tem a mais bonita forma de se entregar.

:: Quando as certezas caem

Escrevi essa música pra minha mãe enquanto ela estava no hospital, pena que isso nunca chegou a acontecer de fato...

Enquanto a chuva cai
Minhas certezas caem
Enquanto eu não te vejo
Eu não me enxergo mais

E o que era tão presente
Na nuvem se desfaz
E as lembranças agora
São tão mais mágicas

E a ausência tua
É a presença nua
De quem não se esquece
Ou não se vai jamais

E eu espero o dia
Em que você abre a porta
E eu corro pros teus braços

E choro meu sorriso
E no teu colo abrigo
Tudo ganha vida

Tudo faz sentido
Porque você chegou
Com todo o teu amor

:: Do impacto

Eu gosto é do impacto. Não do caminho propriamente dito, mas do momento culminante do choque entre dois seres.

:: Nos altares

Dos altares suntuosos olhos perdidos de dores tão encontráveis
Como se o ouro e o mármore nos confortasse e nos trouxesse alguma paz
O sino, o incenso, a vela, a cera, a fé no desconhecido
O Cristo de braços e feridas abertas nos olha de cima e nada revela

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

:: Tua ausência

Não é que eu não possa pensar em você
Mas cada vez que eu faço isso um traço de esperança morre em mim
É como um corte a faca que dói em todas as minhas entranhas
A cada vez que eu lembro dos seus sorrisos e do seu jeito de cuidar de mim
Ou das suas sempre manias de me mimar, mesmo quando eu não merecia...
São esses detalhes e todos os outros que compõe e formam a vida entre duas pessoas
E quando eles não existem mais é como se nós tivéssemos perdido um pouco da própria vida
E tua ausência em mim é assim... trescala a todo e qualquer momento pequeno e insignificante...

in memorian

sábado, 14 de agosto de 2010

:: Nove

Nove vezes
Nove idas a igrejas a nove missas
Nove meses
A vida que se deixou com a morte vinda
Novos dias
Nove anjos a guiam
A outros tempos

:: Da briga com a poesia

E um dia ela desistiu da poesia
Ela brigara com as letras
Assim como o destino brigara com ela

terça-feira, 10 de agosto de 2010

:: Meu pai, meu herói!

Não tive tempo de postar aqui no dia dos pais, mas tinha que vir aqui mesmo que rapidnho falar do meu pai! Nada de terceira pessoa hoje, pra falar do meu amor por ele, tenho orgulho de usar a primeira pessoa!

Pai,

Eu nem posso expressar aqui o tamanho do meu amor por você, o tamanho da minha gratidão, do orgulho, da minha admiração por você.
Mesmo a gente brigando tanto e mesmo a gente se desentendendo várias vezes, você é meu porto seguro, meu cais, meu solo seguro quando eu quero descansar meus pés cansados. A gente pode brigar, se desentender um com outro mas é apenas porque somos parecidos! Somos teimosos, temos um gênio superforte e não levamos desaforo e às vezes queremos nos fazer entender, pela maneira errada.
E mesmo com toda as suas críticas e conbranças e mesmo eu não querendo escutá-las, todas as vezes você esteve certo, você falou o que precisa ser dito quando todos se calaram. E quando a gente diz aquilo que o outro precisa ouvir e não sabe, rasga a pele como num corte a faca e dói. E foi assim todas as vezes que senti. Mas quando a gente resolvi ouvir, um corte é só a marca do nosso crescimento e evolução.
E duvido que outro pai faria o que você faz pela gente. Tanto sacrifício, tanta abdicação, quantas vezes deixou de ter para dar e não há expressão de amor maior que esta, quando nos doamos verdadeiramente em prol do outro, sem nem mesmo saber o que esperar. É um ato de fé, de acreditar no outro pela força do amor.
Eu fico muito emocionada quando penso nisso, tudo o que você fez por mim durante todos esses meses tão difíceis pra mim, de todo o amor, de toda a dedicação que foi capaz. Durante dois messes você parou sua vida, seu trabalho, pra me dar toda a atenção que eu precisava, me dando seu colo, seu abraço pra eu chorar feito uma criança encolhida, sentindo minha dor e sofrendo por duas vezes. E seu apoio foi tão além... em todos os sentidos. E nenhum outro pai, faria isso, você me deu um apartamento e respeitou a minha vontade de ficar aqui onde sempre estive com ela... e você abriu mão do seu apartamento, de uma compra quase fechada, para não mexer mais ainda em toda a minha estrutura que foi toda embora quando ela se foi... Quem ler assim sem saber da nossa história pode até achar que somos muito ricos, mas nós bem sabemos que a história não é essa. Essa foi só mais uma tradução do seu amor incondicional por nós, mais um capítulo da nossa história de total doação por sua parte. E foi assim sempre e assim sempre será. E eu espero o dia que eu poderei fazer o mesmo por você.

Te amo
ab imo corde, ad aeternum

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Amanhã é 23 - Kid Abelha



As entradas do meu rosto
E os meus cabelos brancos
Aparecem a cada ano
No final de um mês de Agosto...
Há vinte anos você nasceu
Ainda guardo um retrato antigo
Mas agora que você cresceu
Não se parece nada comigo...
Esse seu ar de tristeza
Alimenta a minha dor
Tua pose de princesa
De onde você tirou...
Amanhã! Amanhã!
Amanhã é 23
São 8 dias para o fim do mês
Faz tanto tempo
Que eu não te vejo
Queria o seu beijo
Outra vez...

sábado, 31 de julho de 2010

:: Todo o Sentimento - Chico Buarque




Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente.
Preciso conduzir
Um tempo de te amar,
Te amando devagar e urgentemente.
Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez,
Que recolhe todo o sentimento
E bota no corpo uma outra vez.
Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente...
Prefiro, então, partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente.
Depois de te perder,
Te encontro, com certeza,
Talvez num tempo da delicadeza,
Onde não diremos nada;
Nada aconteceu.
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

:: Presta Atenção

Presta atenção
Não espere que eu prometa que eu nunca irei te magoar, jamais poderei prometer algo que nunca poderei cumprir.

Presta atenção
Eu jamais poderei amar você mais do que a mim mesma

Presta atenção
Eu não serei sincera com você o tempo todo

Presta atenção
Porque ainda farei você sofrer

Presta atenção
Pois eu ainda te farei chorar

Presta atenção
Você nunca será a minha metade

Presta atenção em tudo isso que te disse.
Pois eu ainda irei te magoar, mas todos os meus esforços serão para que isso nunca aconteça.

Presta atenção no quanto que eu te amo, a ponto de amar mais a mim mesma para que a nossa relação nunca se perca.

Presta atenção pois eu não sou perfeita e todas as vezes que eu não for sincera com você, será apenas meu jeito tolo de te tentar te proteger.

Presta atenção pois por mais que isso doa no fundo de todas as minhas ânsias, ainda te farei sofrer, porque ainda tenho um monte de defeitos e nem sempre a gente sabe ou enxerga tudo.

Presta atenção porque todas as vezes que porventura eu te fizer você chorar, eu te recompensarei em dobro com tantos outros momentos mágicos para te fazer feliz.

Presta atenção porque com a metade de alguma coisa a gente nunca completa nada, que sejamos então mais do que um, para que um dia sejamos então mais do que dois.

:: Feel - Robbie Williams




Feel (Sentir)

Venha segurar minha mão
Eu quero contatar os vivos
Não sei se entendo bem
Este papel que me foi dado
Eu me sento e converso com Deus
E Ele ri dos meus planos
Minha cabeça fala uma língua
Que eu não entendo
Eu só quero sentir amor verdadeiro
Sentir o local onde vivo
Porque eu tenho muita vida
Fluindo nas minhas veias
E sendo desperdiçada
Eu não quero morrer
Mas também não gosto muito de viver
Antes de me apaixonar
Já me preparo para deixá-la
Eu morro de medo
É por isso que vivo fugindo
Antes de ter chegado
Eu me vejo voltando
Eu só quero sentir amor verdadeiro
Sentir o local onde vivo
Porque eu tenho muita vida
Fluindo nas minhas veias
E sendo desperdiçada
E eu preciso sentir o amor verdadeiro
Para toda a eternidade
Eu nunca me satisfaço
Eu só quero sentir amor verdadeiro
Sentir o local onde vivo
Eu tenho muito amor
Fluindo nas minhas veias
E sendo desperdiçado
Eu só quero sentir o amor verdadeiro
Para toda a eternidade
Há um buraco na minha alma
Dá para vê-lo no meu rosto
É um lugar bem grande
Venha segurar minha mão
Eu quero contatar os vivos
Não sei se entendo bem
Este papel que me foi dado
Não sei se entendo bem

quarta-feira, 28 de julho de 2010

:: Poltrona 33

Em co-autoria com D. S.

Eu estava lá, sentado no ônibus, esperando que o motorista desse partida em direção ao meu destino, quando a vi pela primeira vez. Era impossível não notá-la: Tinha a pele clara num corpo de deixar qualquer homem estarrecido; os cabelos loiros, compridos e fininhos que contrastavam de maneira assustadora com seus olhos negros grandes - de jabuticaba - como ela me contaria mais tarde. Trazia um brilho no olhar, que eu podia jurar que tudo ao meu redor se iluminou quando ela me fitou gentil e despretensiosamente. Em seguida ela me sorriu e pediu licença para passar e ocupar a poltrona ao lado da minha, a poltrona 33. Ela se ajeitou no assento um tanto enrolada e desajeitada, mas aquilo lhe deu um ar ainda mais juvenil e inocente, que eu não pude deixar de admirar. Num gesto delicado ela puxou seus cabelos pro lado, deixando exposta sua nuca frágil e mais branquinha ainda que o resto do seu corpo. Imediatamente um cheiro de lavanda e água fresca atingiu o ar, me fazendo pensar no próprio cheiro dos Deuses. Ela se recostou ali, com a cabeça inclinada virada pra janela, esboçando um sorriso leve olhando o ônibus deixar o terminal e partir. E eu me peguei imaginando o que ela tinha deixado para trás e o que a esperava lá na frente. Talvez só as suas preocupações tivessem ficado ali, junto daquele terminal. Porque o lá na frente, ninguém sabe ao certo o que encontrar.

À medida que o ônibus foi deixando a cidade, paisagens bucólicas foram ganhando a nossa janela, me trazendo à lembrança tantos momentos da minha infância passados na minha casa de praia. Do pão francês fresquinho de manhã trazido pela vó Maria; do bolo de cenoura com calda de chocolate dos fins de tarde da tia Tereza, dos gritos finos e escandalosos da minha mãe comemorando alguma coisa; dos campeonatos de vôlei à beira da piscina com meus primos, que sempre acabavam em discussões de quem errou mais e quem fez mais besteira; da nossa hotvale Mayla correndo atrás da bola feito uma maluca atrapalhando nossas brincadeiras. Me deu essa nostalgia gostosa que da na gente, de momentos que não voltam mais. Porque não existe mais a vó pra trazer o pão quentinho, nem os gritos da minha mãe porque agora ela se acha velha demais pra isso, porque a Mayla não está mais ali pra correr atrás da nossa bola e porque cada um de nós foi pro seu lado, cada um na sua desculpa de viver a vida e porque o tempo é curto e a vida corrida demais pra reunir tudo isso num só lugar de novo.

Eu estava ali olhando pra janela tão absorto nos meus pensamentos - escutando ao longe o som que vinha dos fones de ouvido dela que ouvia uma canção de Chico que falava que nada é pra já, que o amor pode esperar em silêncio. Que não me dei conta quando comecei a cantar a música em voz alta e ela riu da maneira mais gostosa com seus olhos apertados e transbordantes. Eu sorri de volta meio sem jeito de ter sido pego por ela, com meu coração vibrante de esperanças ao fitá-la. E eu não pude segurar meu ímpeto de falar sobre aqueles olhos que mais pareciam convidar a gente para descobrir o mundo. E a elogiei do jeito mais bobo e sem graça dizendo que ela tinha lindos olhos. Ainda com seu olhar fixo na janela, perdida nas suas próprias memórias, ela me respondeu – olhos de jabuticaba, era assim que meu avô me chamava. E ela me olhou e me sorriu despreocupadamente como se a alegria fosse um mero descuido do acaso. E ali naquelas dez palavras pronunciadas, que eu me apaixonei por ela pela primeira vez. Foi ali no silêncio de uma canção que os nossos segredos e olhares se encontraram pela primeira vez. Não foi preciso dizer muito mais depois. Naquele instante começava tudo.





Angels (Anjos) - Robbie Williams

Eu sento e espero
Um anjo contempla meu destino?
E eles conhecem
Os lugares onde nós vamos
Quando estamos grisalhos e velhos?
Pois me foi dito
Que a salvação deixa as asas deles estendidas
Então, quando eu estiver deitado na minha cama,
Pensamentos correndo pela minha cabeça,
E eu sinto que o amor está morto,
Estou amando anjos em vez disso...
E através disso tudo ela me oferece proteção,
Muito amor e afeição,
Esteja eu certo ou errado.
E debaixo da cachoeira,
Onde quer que isso possa me levar,
Eu sei que a vida não me arruinará.
Quando eu vier chamar ela não me abandonará.
Estou amando anjos em vez disso.. .
Quando estou me sentindo fraco
E minha dor caminha por uma rua de mão única,
Eu olho para cima
E sei que serei sempre abençoado com amor.
E conforme o sentimento cresce
Ela aspira carne nos meus ossos.
E quando o amor estiver morto,
Estou amando anjos em vez disso...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

:: Pensa Amanhã

Pensa amanhã. É o que ele diz para si mesmo todos os dias antes de se deitar, tentando entender o porquê que ela se foi. Antes que ele sinta a verdadeira falta que ela lhe faz. Antes dele pensar nos seus sorrisos com a boca mole, no seu jeitinho arrastado e meigo de falar. Do seu nariz levemente torto para a direita e nos seus olhos que lhe traziam a paz. De descobrir nos seus cabelos cheios e quase sempre despenteados, os cheiros de todas as manhãs primaveris. E de encontrar no seu corpo uma alegria incontida só de quem sabe realmente viver a vida cheia de paz. Das suas palavras sempre doces, mesmo que a vida não tenha sido tão gentil ou generosa com ela. Dos seus gestos sempre tão zelosos de quem abraça e ama todas as criaturas, com a ingenuidade de uma criança.
Pensa amanhã é o que ele se diz. É ele à sua maneira de sobreviver.
Porque a tristeza nunca combinou com ela. A morte também não.

domingo, 25 de julho de 2010

:: Das Buscas

No desejo sempre de ser mais, é que nos buscamos uns nos outros.

:: Misread - Kings of Convenience




Misread (Mal Interpretado)

Se você quer ser meu amigo
Você quer que a gente se entenda
Por favor, não espere que eu
Resolva isso e mantenha lá
A observação que eu estou fazendo poderia
Ser facilmente entendida
Como um comportamento cínico
Mas um de nós não leu direito
E o que você sabe?
Isto aconteceu de novo
Um amigo não é um meio
Que você usa para chegar a algum lugar
De algum modo eu não notei
Amizade é um fim
O que você sabe?
Isto aconteceu de novo
Por que ninguém me contou
Que durante a história
As pessoas mais solitárias
Foram aquelas que sempre falaram a verdade
Aquelas que fizeram a diferença
Ao confrontar a indiferença
Eu acho que cabe a mim agora
Eu devo correr o risco ou só sorrir?
O que você sabe?
Isto aconteceu de novo
O que você sabe?

:: Da Evolução

A (R)Evoluçao começa de dentro para fora
Numa eterna busca por si mesmo
Numa eterna perda em si próprio

:: Set The Fire To The Third Bar - Snow Patrol




Set The Fire To The Third Bar (Acendemos o Fogo ao Terceiro Grau)

Eu encontro o mapa e desenho uma linha reta
Sobre rios, fazendas e divisões de estados
A distância daqui para onde você estaria
É apenas a do comprimento de dedos que eu vejo
Eu toco o local onde eu encontraria o seu rosto
Meus dedos nos vincos de lugares distantes e escuros
Eu penduro meu casaco na primeira barra
Não há paz que eu tenha encontrado até agora
A risada penetra o meu silêncio
Enquanto homens bêbados encontram falhas na ciência
As suas palavras, na maioria barulhos
Fantasmas com apenas vozes
Suas palavras na minha memória
São como música para mim
Eu estou a milhas de onde você está
Eu me deito no chão frio
Eu, eu rezo para que algo me levante
E me coloque nos seus braços calorosos
Depois de eu ter viajado tão longe
Nós acendemos o fogo ao terceiro grau
Nós nos compartilhamos como uma ilha
Até que exaustos, fechemos nossos olhos
E sonhando, continuamos desde
O último lugar em que paramos.
A sua pele macia está derramando
Uma alegria que você não consegue manter dentro de si
Eu estou a milhas de onde você está
Eu me deito no chão frio
Eu, eu rezo para que algo me levante
E me coloque nos seus braços calorosos
Eu estou a milhas de onde você está
Eu me deito no chão frio
Eu, eu rezo para que algo me levante
E me coloque nos seus braços calorosos

:: Soneto da Transição

Há algo em mim agora sempre melancólico
Tanto quanto triste tanto quanto só
Vi o lado humano mais desumano
Vi tanta coisa se arrastar e virar pó

Sozinha nos meus pensamentos
Dando passos sem saber agir
Tropeçando nos meus próprios erros
Vagando sem saber muito bem aonde ir

Mesmo que a ausência trescale
Busco de novo o horizonte
Ergo novamente confiante

Descobrir quem sou
Me achar mesmo na ausência
Me encontrar mesmo na dor

sábado, 24 de julho de 2010

:: PÁRA!

Escrevi esse texto que vem logo abaixo, em 2006, pouco tempo depois de ter sido assaltada. Eu estava no carro com meu namorado na época e um indivíduo nos abordou com uma escopeta em pleno domingo por voltas das 17 horas, numa rua com bastante movimento. É assustador. Você se vê à mercê de alguém que aponta uma arma pra você, que ali, naquele momento, partiu pro tudo ou nada. Ele não quer saber de perder e, você sabe disso e ganha plena consciência naqueles poucos segundos em meio ao desespero e ao medo. E você nem se imagina perdendo algo importante, naquele caso ali, a minha vida e o meu amor. É uma coisa que me marcou bastante, na verdade, pelo resto da minha vida e pelo resto da dele também, nos rendendo até uma tatuagem. Naquele dia meu namorado salvou minha vida, ele se propôs a morrer para que eu vivesse e não existe expressão de amor maior do que esta. E o que eu fico pensando hoje, depois de tanto tempo e de ter vivido tantos sentimentos intensos na época, é que eu não poderia e nem posso, aceitar um amor que fosse menor do que este foi. E foram todos. Todas as tentativas. E eu fui deixando cada um deles aos poucos ou às pressas. Então, [esse recado vai para uma amiga] não aceite você também, não se acomode por medo de ficar sozinha, por insegurança, por achar que o amor perfeito não existe. Talvez ele não exista da forma que a gente idealiza, mas existe o amor e a pessoa que são perfeitos pra você... e um dia ele chega, não tenha medo de acreditar e não se sujeite enquanto isso às migalhas que lhe oferecem, não se acostume com isso.
Graças à Deus não nos aconteceu nada naquele dia, mesmo meu namorado tendo reagido ao assalto, o que eu não recomendo a ninguém a fazer. Daí surgiu o verso: (deixei o texto na forma original, mesmo sabendo da reforma ortográfica, chamemos então de licença poética! rs)



PÁRA!

PÁRA!
Chega desse mundo
Chega disso tudo
Dessa toda violência

PÁRA!
Cansamos de ser escravos
Cansamos de ser subjugados
Por toda essa incompetência

PÁRA!
De chorar suas falsas lágrimas
Que não vão nos levar a nada
Beirando só a impotência

PÁRA!
De justificar como normal
O que foge do moral
Levando-nos a falência

PÁRA!
Porque até mesmo o corrompido
Muito mais do que lícito
Mostra a sua obediência

PÁRA!
Porque só o que queremos
É paz, é voz, é tempo

PÁRA!
Mas não pare nunca

quinta-feira, 22 de julho de 2010

:: Dos Caminhos

Quem diria das surpresas da vida
Dos encontros tão inesperados
Dos reencontros tanto esperados
Que um dia você voltaria

quarta-feira, 21 de julho de 2010

:: Ânsia

Sou pavio, sou pólvora
Sou gás volátil com alto poder incendiário
Sou o fogo e não fumaça
Chama ardendo em brasas
O calor que queima no âmago de todas as certezas
De todas as suas respostas
Sou o sol queimando a pele
Sou a tempestade, o raio, a luz
E ao mesmo tempo
O rio calmo que conduz

Complexa, simples
Silêncio e barulho
Tantas vezes menina, outras tantas mulher

Eu assim, no meu jeito imperfeito perfeito de ser

sábado, 3 de julho de 2010

:: SERÁ

Será que queres?
Será que gosta?
Será que pensa?
Será que sonha?

Será...
Talvez se serdes

Será que quero?
Será que gosto?
Será que penso?
Será que sonho?

Será...
Talvez se fosse

Você.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

:: Conversa

- Por onde nós vamos?

(Vamos por onde o amor acontece. Onde podemos ser nós mesmos, sem vergonhas, sem medos, sem conceitos. Vamos pelo caminho mais íngreme, não digo que ele será o mais fácil, mas a vista lá de cima sempre vale mais à pena. Vamos por onde podemos acreditar em nós mesmos e em sonhos altos, mesmo que nos agarremos um ao outro para nos segurarmos quando o vento soprar mais violento. Vamos pelo caminho das flores, mesmo sabendo que a gente se machuca com os espinhos. Vamos seguir acreditando, mesmo quando tudo ao redor nos disser não. Ainda que tenhamos só nós dois, ainda sim existirá nós dois, como num só.)

- Pode ser pela esquerda mesmo!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

:: Nesse lugar

Mais uma música minha, pena que não aprendi cifras direito, pois o mais bonito dela é a melodia. Assim que der coloco aqui =]


A roda do mundo que gira
A porta aberta pra ver a gente simples passar
As montanhas do outro lado da cerca
A calmaria que nos faz encontrar a paz

O rio do outro lado da terra
Nos leva e nos faz sonhar
Viagens prum mundo distante da guerra
A vida simples a se levar

O pássaro no céu anuncia
O tempo bom que virá
A bela moça passeia e canta
Os encantos de um sábia

Menina chega pra perto da roda
E brinca de acreditar
Que a bondade existe
E que está em todo lugar

terça-feira, 29 de junho de 2010

:: Nem todo você

To postando aqui uma música que eu fiz, foi a primeira na verdade, quando decidi comprar meu violão e ser auto-ditada. Bom, a experiência não deu muito certo como eu esperava... Mas eu não podia imaginar que uma pessoa como eu, que quando criança aprendeu piano clássico, tivesse tanta dificuldade em tocar um instrumento com tão poucas cordas! rs. Deus brincou feio comigo quando me fez canhota!

Enfim, essa música, não é uma música bonita, muito menos sobre uma história de amor, nem de longe é o meu melhor texto, mas achei legal postar aqui. Na verdade ele conta o fim do meu último relacionamento há mais de um ano atrás. E fala sobre as decepções que a gente sempre acaba encontrando quando nossas expectativas ultrapassam os limites do outro. Normal. A dor de um término sempre faz a gente crescer e enxergar. Enxergar melhor o que queremos e até onde podemos ir. Pois só amor nunca é o bastante! Porque sempre fica aquela sensação que falta algo. E quando a gente vê, nós vamos baixando nossas expectativas para tentarmos erroneamente, encaixarmos na do outro. O que eu aprendi com essa experiência é que nada que não complete a gente de verdade nos faz realmente feliz. E por isso mesmo não vale à pena.
Boba sim, mas eu ainda acredito e espero pelo príncipe encantado!
Que alguém me faça sentir tudo aquilo que eu já me esqueci.



Nem todo você

Nem todo você
Eu abro a porta
Nem todo você
Eu saio e vou embora

Nem todo você
Em versos e provas
Nem todo você
Eu jogo tudo fora

O que não vale
Perece com o tempo
São as nossas lembraças
Que joguei aos ventos

Eu me libertei
Das suas armadilhas
Eu me toquei
De todas as mentiras

Apesar de você
Dizer me amar
Não quero saber
Com pouco não se brinca, não se ganha

Nem todo você
Nem toda importância
Na sua petulância
Se achando indispensável

Nem todo você
Nem toda trajetória
Nem toda história
Nem todo você

Nem todo você
Não tem importância
Nem você
Ou toda nossa história

Nem tudo é você
Nada pra você

:: Do firmamento

Os pés que acostumados a terra estavam
Um dia perderam o medo e aprenderam a voar
Esqueceram-se então dos solos seguros
E ganharam os desejos dos céus

segunda-feira, 28 de junho de 2010

:: Paráfrase ao meu querido poeta

As feias que me desculpem
Mas beleza é fundamental
Não aquela que agrada aos olhos
Mas aquela que engrandece a alma

:: P-alavra

Irmã, parabéns por mais uma conquista! Te amo minha pequena grande!


P-alavra


Para poder pendurar a palavra perdida
Pernoitei por pura possessão
Preceituei a palavra para todos
Provoquei para pronunciar o problema.
Parti, partindo assim seu coração
Peguei a parte que parti e engoli
Perdi a parte perfeita de nós
Perdoei a participação perversa.
Percebi os lábios previsíveis
Procuro a palavra não pronunciada
Posso persistir no poder da fala
Para que eu possa aproveitar o pecado.

Gizelle d'Able

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Resposta à P-alavra

Para poder achar a palavra perdida
Parti por pura pacificação
Perpetuei a palavra para mim
Preveni para provir a solução.
Prossegui, perseguindo a minha razão
Peguei a parte que partiu e uni
Principiei a parte perfeita de nós duas
Pequei pedindo a complacência
Pronunciei palavras prescindíveis
Penetrando o silêncio pávido
Persisti no poder da prática
Para percorrer a nossa redenção.


Aline d'Able

quinta-feira, 24 de junho de 2010

:: Estrela minha

Um dia ele me pegou desprevenida e disse:

- Moça bonita, o brilho no teu olhar faz a gente acreditar que as estrelas se acendem até a luz dos dias.

:: Rosa-dos-ventos

Como o mesmo vento que traz e leva, que acalma e apetece, que de leve brisa ondulante aquece o rosto, tem a repentina capacidade de se transformar no sorvedouro escuro que tudo esmaga e esquece?
Verga a mente com asseverações e limitações, pelas necessidades flutuantes que o coração desconhece.
Como porventura, achar a rosa-dos-ventos que nos norteia o horizonte, se vivemos na cegueira egoísta que oblitera os caminhos que só o coração enxerga e conhece?
O que valerão os sussurros, a rosa-dos-ventos, o protagonismo se não soubermos ouvir o que o nosso coração mais anseia?
Como ouvir a voz que nos fala à alma?
Enquanto tivermos presos pelas voragens das loucuras cotidianas, das camuflagens que nos vestimos, da prepotência que nos atrofia, das incompreensões insultuosas, viveremos à espera do encaixe perfeito de peças que nunca estarão ali.
Que saibamos sentir o vento que nos toca rosto, a paz que nos conforta o espírito e a voz que nos fala ao coração, que de tudo sabe e de tudo reconhece.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

:: Hoje eu acordei

Hoje eu acordei com uma vontade de falar sobre os pássaros que cantam; sobre os velhinhos apaixonados que andam de mãos dadas pelas ruas; sobre as canções que falam de amor ao pé do ouvido da gente; das promessas que a gente faz, mesmo sabendo que nunca se cumprem; dos sonhos; das utopias.
Dos tempos que bastava um sorriso e um olhar, para aquecer o corpo e o coração da gente; e daqueles que faziam a gente acreditar em histórias de amor, finais felizes, conto-de-fadas e em faz-de-conta que acontecem.
Então mesmo que o dia passe e a noite aconteça,
Pois amanhã é sempre outro dia...
E as circunstâncias nos tragam à realidade novamente,
Já terá valido à pena só pela sensação do que se deseja.

:: Eu de mim mesma

Ahh, eu sei, eu sei, que essa música aqui debaixo é brega, que é dos Backstreet Boys, mas hoje eu estava indo pro trabalho de carro e essa música tocou no rádio e, imediatamente ela me deu um sentimento gostoso de nostalgia! Das épocas do colégio, onde as maiores ambições da gente, não passavam de tirar a nota mais alta da turma, ou quando as maiores preocupações se baseavam em saber se aquela pessoa que a gente era a fim, estaria na festa junina do colégio e nos pegávamos imaginando no que poderia acontecer. Sim, minha adolescência e gostos infantis se estendeu mais do que eu poderia gostar de dizer ou de contar, mas valeu! Pois eu sempre fiz tudo o quis e no meu tempo, mesmo que o tempo dos outros fosse tão diferente do meu! Meu lado criança, de espírito livre e coração leve permaneceram. E ainda bem! Pois hoje me trouxeram até aqui. E eu não poderia querer estar em lugar melhor do que em mim mesma...




All I have to give (Tudo Que Tenho Pra Dar) - Backstreet Boys

Eu não sei o que ele faz pra te fazer chorar,
Mas eu estarei lá pra fazer você sorrir.
Eu não tenho um fantástico carro,
Mas para pegar você eu andaria mil milhas.
Eu não ligo se ele te compra coisas bonitas
Os presentes dele vêem do coração? - eu não sei...
Mas se você fosse minha garota...
Eu faria com que nós nunca estivéssemos separados.
Mas meu amor é tudo que tenho pra dar
Sem você acho que não posso viver
Eu queria poder te dar o mundo...
Mas amor é tudo que eu tenho pra dar.
Quando você fala, parace que ele não está
Nem ouvindo uma palavra que você diz?
Tudo bem bebê, diga-me seus problemas
Vou fazer o melhor pra acabar com eles...
Ele te deixa quando você mais precisa dele?
Os amigos dele tomam todo seu tempo?
Por favor...estou de joelhos
Rezando para o dia que você será minha!!
Mas meu amor é tudo que tenho pra dar
Sem você acho que não posso viver
Eu queria poder te dar o mundo...
Mas amor é tudo que eu tenho pra dar.
Pra você...
Ei garota,
Eu não quero que você chore nunca mais
Todo o dinheiro do mundo não poderia substituir o amor
Que eu tenho aqui dentro...
Eu te amo querida
E eu vou te dar
Tudo que eu puder,tudo que eu puder
Tudo que eu tenho é pra você
Mas meu amor é tudo que tenho pra dar
Mas meu amor é tudo que tenho pra dar
Sem você acho que não posso viver
Eu queria poder te dar o mundo
Mas amor é tudo que eu tenho pra dar pra você

terça-feira, 22 de junho de 2010

:: Das partidas

Sabe o que é engraçado?
A vida vive pregando peças na gente!
Quando a gente acha que sabe das coisas, vem uma onda e muda toda a paisagem, transformando tudo ao nosso redor e fazendo a gente recomeçar do ponto de partida, às vezes como se nada antes - o resquício de vida, as lágrimas que se traduziam em sorrisos, os choros tanto antes contidos, os suspiros que falavam ao coração da gente - tivessem existido ali, na mesma praia, na mesma areia quente, no mesmo vento que sopra do leste.
É o mesmo lugar, as mesmas pessoas, só que as canções agora são outroras. E quando a gente canta novamente, fica meio dissonante! E a gente percebe que aquela melodia, aquelas notas tanto antes entoadas, desafinam ao coração da gente.
E quando a gente enxerga essa nova paisagem, é a hora que nos libertamos de todos os nossos medos e abismos e fantasmas.
E a gente parte
Mesmo o que fica
Parte, parte, parte...

:: Chasing Cars - Snow Patrol



Chasing Cars (Perseguindo Carros)

Nós faremos tudo isto
Tudo
Sozinhos
Nós não precisamos
De nada
Ou de ninguém
Se eu deitar aqui
Se eu apenas deitar aqui
Você deitaria comigo e esqueceria do mundo?
Eu não sei direito
Como dizer
Como me sinto
Aquelas três palavras
são ditas demais
Elas não são o suficiente
Se eu deitar aqui
Se eu apenas deitar aqui
Você deitaria comigo e esqueceria do mundo?
Esqueça o que foi dito
Antes de ficarmos muito velhos
Mostre-me um jardim que esta se abrindo para a vida
Vamos passar o tempo
Perseguindo carros
Em volta de nossas cabeças
Eu preciso de sua graça
Para me lembrar
De encontrar a minha
Se eu deitar aqui
Se eu apenas deitar aqui
Você deitaria comigo e esqueceria do mundo?
Esquecer do que nos falam
Antes de ficarmos muito velhos
Mostre-me um jardim que esta se abrindo para a vida
Tudo que eu sou
Tudo que eu sempre fui
Esta aqui em seus olhos perfeitos, eles são tudo o que eu consigo ver
Eu não sei onde
também estou confuso sobre o "como"
Apenas sei que estas coisas nunca mudarão para nós
Se eu deitar aqui
Se eu apenas deitar aqui
Você deitaria comigo e esqueceria do mundo?

segunda-feira, 21 de junho de 2010

:: Essa Mulher - Elis Regina



De manhã cedo essa senhora se conforma
Bota a mesa, tira o pó, lava a roupa, seca os olhos
Ah. como essa santa não se esquece de pedir pelas mulheres
Pelos filhos, pelo pão
Depois sorri, meio sem graça
E abraça aquele homem, aquele mundo
Que a faz assim, feliz
De tardezinha essas menina se namora
Se enfeita se decora, sabe tudo, não faz mal
Ah, como essa coisa é tão bonita
Ser cantora, ser artista
Isso tudo é muito bom
E chora tanto de prazer e de agonia
De algum dia qualquer dia
Entender de ser feliz
De madrugada essa mulher faz tanto estrago
Tira a roupa, faz a cama, vira a mesa, seca o bar
Ah, como essa louca se esquece
Quanto os homens enlouquece
Nessa boca, nesse chão
Depois parece que acha graça
E agradece ao destino aquilo tudo
Que a faz tão infeliz
Essa menina, essa mulher, essa senhora
Em que esbarro toda hora
No espelho casual
É feita de sombra e tanta luz
De tanta lama e tanta cruz
Que acha tudo natural.

:: Mulher comum

Ela chega do trabalho. Abre a porta de casa e procura por alguém mesmo sabendo que não haverá resposta. Ela lentamente tira seu sapato e massageia seus pés cansados depois de um dia cheio. Enquanto isso, ela vai pensando no tanto que ainda tem que fazer, como num dia normal, com tantas outras obrigações que ainda tem que cumprir. E por uns instantes ela se esquece do que gostaria de fazer e não pode devido ao tempo ou das impossibilidades da vida mesmo.
Ela se encaminha para o banheiro e se despe de todas as suas roupas e preocupações. E por um momento, só o que ela deseja é que a água quente a percorra aquecendo seu corpo e sua ideias.
Depois do banho, como que num ritual quase que sagrado, ela se joga numa poltrona da sala-de-estar, deixando o sol frio do fim das tardes de junho brincar de luz em seu rosto. Como toda mulher mais comum ela deseja as coisas simples da vida: viver um grande amor, casamento, filhos, em família... daquelas que só a gente constrói.
Serão esses pensamentos sonhos, desejos reais ou loucura de mais um dia que se despede virando noite em solidão?
Ela interroga seu espelho e se pergunta se seria tão errado assim ter ambições tão simplórias diante da complexidade de todos os seres, interagindo com todas as coisas, na corrida silenciosa de todos os relógios frenéticos com suas horas aflitas.
E ela pensa no vinho que ainda não abriu, no espasmo que ainda não sentiu, do grito que se preveniu, no choro que previu a clareza de todas as suas ânsias, de todas as dúvidas, de todas as certezas, de todas as suas respostas.

:: De longe

Te vejo sem você me ver
E imagino se você me vê como eu te vejo
Assim de longe, no meu olhar mais desconfiado
Imaginando se seria você

:: Transgressão

A gente vive colocando nossas culpas em cima dos outros... Fizemos isso porque fulano fez aquilo; agimos com desprezo porque agiram conosco; não tivemos nenhuma ação, apenas uma reação. Parece aquele velho jogo político do empurra do qual já conhecemos bem... E assim tudo se vai numa cadeia cíclica eternamente.

A verdade é que todos nós temos culpas, mentiras, verdades e responsabilidades. Um ato por si só nunca pode ser avaliado sozinho ou fora de um contexto.

Vivemos invertendo e subvertendo nossos valores, perdidos entre o que achamos que é o correto, o que gostaríamos de fazer e, o que afinal fazemos. E o correto vem sempre depois do que os outros vão pensar; do orgulho mesquinho; da vaidade cega; da covardia enfim.

Tentamos agir com racionalidade, alguns chegam a chamar até de personalidade, a maneira de agir de forma egocêntrica, estúpida e egoísta.

Às vezes temos mesmo o dom natural de abafar o que vem do coração.

Cabe a nós seguir em frente fingindo que nada aconteceu ou parar. Parar e enxergar a nossa parcela de erros e acertos, deixar de lado nossos medos e inseguranças e exceder os limites que nós próprios nos impomos.

E seguir...
Mas aceitando que somos seres imperfeitos e falíveis por natureza e que errarão e erraremos de vez em quando.

Mas, que no final das contas, o que vale mesmo é o quanto nós tentamos acertar, o quanto estamos verdadeiramente dispostos à nos doar.

domingo, 20 de junho de 2010

:: Do Blog

Escolhi esse nome não por acaso para esse blog, pois não sei porque motivos a gente tem mania de sempre complicar as coisas ao nosso redor e com a gente mesmo. Na verdade é bem simples: se você se conhece bem, sabe intuitivamente aquilo que quer para você e assim o resto vai fácil! Porém, às vezes parece que temos um mecanismo de auto-sabotagem e nos perdemos pelo caminho, perdendo nosso precioso tempo, com coisas, atitudes e pessoas que não irão nos acrescentar nada, ou nos levar a lugar algum. Quantas vezes insistimos em erros por teimosia, orgulho ou até mesmo falta de coragem para mudar alguma coisa? Quantas vezes em relacionamentos nos violentamos fazendo aquilo que não queríamos, só pelo simples fato de agradar ao outro? Quantas vezes passamos por cima das coisas, dizendo - deixa pra lá, não foi nada. Quando o que na verdade queríamos dizer era um belo - eu te odeio! Penso da seguinte forma: melhor ser egoísta! Antes a sincerade do que uma mera ilusão!