sábado, 31 de julho de 2010

:: Todo o Sentimento - Chico Buarque




Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente.
Preciso conduzir
Um tempo de te amar,
Te amando devagar e urgentemente.
Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez,
Que recolhe todo o sentimento
E bota no corpo uma outra vez.
Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente...
Prefiro, então, partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente.
Depois de te perder,
Te encontro, com certeza,
Talvez num tempo da delicadeza,
Onde não diremos nada;
Nada aconteceu.
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

:: Presta Atenção

Presta atenção
Não espere que eu prometa que eu nunca irei te magoar, jamais poderei prometer algo que nunca poderei cumprir.

Presta atenção
Eu jamais poderei amar você mais do que a mim mesma

Presta atenção
Eu não serei sincera com você o tempo todo

Presta atenção
Porque ainda farei você sofrer

Presta atenção
Pois eu ainda te farei chorar

Presta atenção
Você nunca será a minha metade

Presta atenção em tudo isso que te disse.
Pois eu ainda irei te magoar, mas todos os meus esforços serão para que isso nunca aconteça.

Presta atenção no quanto que eu te amo, a ponto de amar mais a mim mesma para que a nossa relação nunca se perca.

Presta atenção pois eu não sou perfeita e todas as vezes que eu não for sincera com você, será apenas meu jeito tolo de te tentar te proteger.

Presta atenção pois por mais que isso doa no fundo de todas as minhas ânsias, ainda te farei sofrer, porque ainda tenho um monte de defeitos e nem sempre a gente sabe ou enxerga tudo.

Presta atenção porque todas as vezes que porventura eu te fizer você chorar, eu te recompensarei em dobro com tantos outros momentos mágicos para te fazer feliz.

Presta atenção porque com a metade de alguma coisa a gente nunca completa nada, que sejamos então mais do que um, para que um dia sejamos então mais do que dois.

:: Feel - Robbie Williams




Feel (Sentir)

Venha segurar minha mão
Eu quero contatar os vivos
Não sei se entendo bem
Este papel que me foi dado
Eu me sento e converso com Deus
E Ele ri dos meus planos
Minha cabeça fala uma língua
Que eu não entendo
Eu só quero sentir amor verdadeiro
Sentir o local onde vivo
Porque eu tenho muita vida
Fluindo nas minhas veias
E sendo desperdiçada
Eu não quero morrer
Mas também não gosto muito de viver
Antes de me apaixonar
Já me preparo para deixá-la
Eu morro de medo
É por isso que vivo fugindo
Antes de ter chegado
Eu me vejo voltando
Eu só quero sentir amor verdadeiro
Sentir o local onde vivo
Porque eu tenho muita vida
Fluindo nas minhas veias
E sendo desperdiçada
E eu preciso sentir o amor verdadeiro
Para toda a eternidade
Eu nunca me satisfaço
Eu só quero sentir amor verdadeiro
Sentir o local onde vivo
Eu tenho muito amor
Fluindo nas minhas veias
E sendo desperdiçado
Eu só quero sentir o amor verdadeiro
Para toda a eternidade
Há um buraco na minha alma
Dá para vê-lo no meu rosto
É um lugar bem grande
Venha segurar minha mão
Eu quero contatar os vivos
Não sei se entendo bem
Este papel que me foi dado
Não sei se entendo bem

quarta-feira, 28 de julho de 2010

:: Poltrona 33

Em co-autoria com D. S.

Eu estava lá, sentado no ônibus, esperando que o motorista desse partida em direção ao meu destino, quando a vi pela primeira vez. Era impossível não notá-la: Tinha a pele clara num corpo de deixar qualquer homem estarrecido; os cabelos loiros, compridos e fininhos que contrastavam de maneira assustadora com seus olhos negros grandes - de jabuticaba - como ela me contaria mais tarde. Trazia um brilho no olhar, que eu podia jurar que tudo ao meu redor se iluminou quando ela me fitou gentil e despretensiosamente. Em seguida ela me sorriu e pediu licença para passar e ocupar a poltrona ao lado da minha, a poltrona 33. Ela se ajeitou no assento um tanto enrolada e desajeitada, mas aquilo lhe deu um ar ainda mais juvenil e inocente, que eu não pude deixar de admirar. Num gesto delicado ela puxou seus cabelos pro lado, deixando exposta sua nuca frágil e mais branquinha ainda que o resto do seu corpo. Imediatamente um cheiro de lavanda e água fresca atingiu o ar, me fazendo pensar no próprio cheiro dos Deuses. Ela se recostou ali, com a cabeça inclinada virada pra janela, esboçando um sorriso leve olhando o ônibus deixar o terminal e partir. E eu me peguei imaginando o que ela tinha deixado para trás e o que a esperava lá na frente. Talvez só as suas preocupações tivessem ficado ali, junto daquele terminal. Porque o lá na frente, ninguém sabe ao certo o que encontrar.

À medida que o ônibus foi deixando a cidade, paisagens bucólicas foram ganhando a nossa janela, me trazendo à lembrança tantos momentos da minha infância passados na minha casa de praia. Do pão francês fresquinho de manhã trazido pela vó Maria; do bolo de cenoura com calda de chocolate dos fins de tarde da tia Tereza, dos gritos finos e escandalosos da minha mãe comemorando alguma coisa; dos campeonatos de vôlei à beira da piscina com meus primos, que sempre acabavam em discussões de quem errou mais e quem fez mais besteira; da nossa hotvale Mayla correndo atrás da bola feito uma maluca atrapalhando nossas brincadeiras. Me deu essa nostalgia gostosa que da na gente, de momentos que não voltam mais. Porque não existe mais a vó pra trazer o pão quentinho, nem os gritos da minha mãe porque agora ela se acha velha demais pra isso, porque a Mayla não está mais ali pra correr atrás da nossa bola e porque cada um de nós foi pro seu lado, cada um na sua desculpa de viver a vida e porque o tempo é curto e a vida corrida demais pra reunir tudo isso num só lugar de novo.

Eu estava ali olhando pra janela tão absorto nos meus pensamentos - escutando ao longe o som que vinha dos fones de ouvido dela que ouvia uma canção de Chico que falava que nada é pra já, que o amor pode esperar em silêncio. Que não me dei conta quando comecei a cantar a música em voz alta e ela riu da maneira mais gostosa com seus olhos apertados e transbordantes. Eu sorri de volta meio sem jeito de ter sido pego por ela, com meu coração vibrante de esperanças ao fitá-la. E eu não pude segurar meu ímpeto de falar sobre aqueles olhos que mais pareciam convidar a gente para descobrir o mundo. E a elogiei do jeito mais bobo e sem graça dizendo que ela tinha lindos olhos. Ainda com seu olhar fixo na janela, perdida nas suas próprias memórias, ela me respondeu – olhos de jabuticaba, era assim que meu avô me chamava. E ela me olhou e me sorriu despreocupadamente como se a alegria fosse um mero descuido do acaso. E ali naquelas dez palavras pronunciadas, que eu me apaixonei por ela pela primeira vez. Foi ali no silêncio de uma canção que os nossos segredos e olhares se encontraram pela primeira vez. Não foi preciso dizer muito mais depois. Naquele instante começava tudo.





Angels (Anjos) - Robbie Williams

Eu sento e espero
Um anjo contempla meu destino?
E eles conhecem
Os lugares onde nós vamos
Quando estamos grisalhos e velhos?
Pois me foi dito
Que a salvação deixa as asas deles estendidas
Então, quando eu estiver deitado na minha cama,
Pensamentos correndo pela minha cabeça,
E eu sinto que o amor está morto,
Estou amando anjos em vez disso...
E através disso tudo ela me oferece proteção,
Muito amor e afeição,
Esteja eu certo ou errado.
E debaixo da cachoeira,
Onde quer que isso possa me levar,
Eu sei que a vida não me arruinará.
Quando eu vier chamar ela não me abandonará.
Estou amando anjos em vez disso.. .
Quando estou me sentindo fraco
E minha dor caminha por uma rua de mão única,
Eu olho para cima
E sei que serei sempre abençoado com amor.
E conforme o sentimento cresce
Ela aspira carne nos meus ossos.
E quando o amor estiver morto,
Estou amando anjos em vez disso...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

:: Pensa Amanhã

Pensa amanhã. É o que ele diz para si mesmo todos os dias antes de se deitar, tentando entender o porquê que ela se foi. Antes que ele sinta a verdadeira falta que ela lhe faz. Antes dele pensar nos seus sorrisos com a boca mole, no seu jeitinho arrastado e meigo de falar. Do seu nariz levemente torto para a direita e nos seus olhos que lhe traziam a paz. De descobrir nos seus cabelos cheios e quase sempre despenteados, os cheiros de todas as manhãs primaveris. E de encontrar no seu corpo uma alegria incontida só de quem sabe realmente viver a vida cheia de paz. Das suas palavras sempre doces, mesmo que a vida não tenha sido tão gentil ou generosa com ela. Dos seus gestos sempre tão zelosos de quem abraça e ama todas as criaturas, com a ingenuidade de uma criança.
Pensa amanhã é o que ele se diz. É ele à sua maneira de sobreviver.
Porque a tristeza nunca combinou com ela. A morte também não.

domingo, 25 de julho de 2010

:: Das Buscas

No desejo sempre de ser mais, é que nos buscamos uns nos outros.

:: Misread - Kings of Convenience




Misread (Mal Interpretado)

Se você quer ser meu amigo
Você quer que a gente se entenda
Por favor, não espere que eu
Resolva isso e mantenha lá
A observação que eu estou fazendo poderia
Ser facilmente entendida
Como um comportamento cínico
Mas um de nós não leu direito
E o que você sabe?
Isto aconteceu de novo
Um amigo não é um meio
Que você usa para chegar a algum lugar
De algum modo eu não notei
Amizade é um fim
O que você sabe?
Isto aconteceu de novo
Por que ninguém me contou
Que durante a história
As pessoas mais solitárias
Foram aquelas que sempre falaram a verdade
Aquelas que fizeram a diferença
Ao confrontar a indiferença
Eu acho que cabe a mim agora
Eu devo correr o risco ou só sorrir?
O que você sabe?
Isto aconteceu de novo
O que você sabe?

:: Da Evolução

A (R)Evoluçao começa de dentro para fora
Numa eterna busca por si mesmo
Numa eterna perda em si próprio

:: Set The Fire To The Third Bar - Snow Patrol




Set The Fire To The Third Bar (Acendemos o Fogo ao Terceiro Grau)

Eu encontro o mapa e desenho uma linha reta
Sobre rios, fazendas e divisões de estados
A distância daqui para onde você estaria
É apenas a do comprimento de dedos que eu vejo
Eu toco o local onde eu encontraria o seu rosto
Meus dedos nos vincos de lugares distantes e escuros
Eu penduro meu casaco na primeira barra
Não há paz que eu tenha encontrado até agora
A risada penetra o meu silêncio
Enquanto homens bêbados encontram falhas na ciência
As suas palavras, na maioria barulhos
Fantasmas com apenas vozes
Suas palavras na minha memória
São como música para mim
Eu estou a milhas de onde você está
Eu me deito no chão frio
Eu, eu rezo para que algo me levante
E me coloque nos seus braços calorosos
Depois de eu ter viajado tão longe
Nós acendemos o fogo ao terceiro grau
Nós nos compartilhamos como uma ilha
Até que exaustos, fechemos nossos olhos
E sonhando, continuamos desde
O último lugar em que paramos.
A sua pele macia está derramando
Uma alegria que você não consegue manter dentro de si
Eu estou a milhas de onde você está
Eu me deito no chão frio
Eu, eu rezo para que algo me levante
E me coloque nos seus braços calorosos
Eu estou a milhas de onde você está
Eu me deito no chão frio
Eu, eu rezo para que algo me levante
E me coloque nos seus braços calorosos

:: Soneto da Transição

Há algo em mim agora sempre melancólico
Tanto quanto triste tanto quanto só
Vi o lado humano mais desumano
Vi tanta coisa se arrastar e virar pó

Sozinha nos meus pensamentos
Dando passos sem saber agir
Tropeçando nos meus próprios erros
Vagando sem saber muito bem aonde ir

Mesmo que a ausência trescale
Busco de novo o horizonte
Ergo novamente confiante

Descobrir quem sou
Me achar mesmo na ausência
Me encontrar mesmo na dor

sábado, 24 de julho de 2010

:: PÁRA!

Escrevi esse texto que vem logo abaixo, em 2006, pouco tempo depois de ter sido assaltada. Eu estava no carro com meu namorado na época e um indivíduo nos abordou com uma escopeta em pleno domingo por voltas das 17 horas, numa rua com bastante movimento. É assustador. Você se vê à mercê de alguém que aponta uma arma pra você, que ali, naquele momento, partiu pro tudo ou nada. Ele não quer saber de perder e, você sabe disso e ganha plena consciência naqueles poucos segundos em meio ao desespero e ao medo. E você nem se imagina perdendo algo importante, naquele caso ali, a minha vida e o meu amor. É uma coisa que me marcou bastante, na verdade, pelo resto da minha vida e pelo resto da dele também, nos rendendo até uma tatuagem. Naquele dia meu namorado salvou minha vida, ele se propôs a morrer para que eu vivesse e não existe expressão de amor maior do que esta. E o que eu fico pensando hoje, depois de tanto tempo e de ter vivido tantos sentimentos intensos na época, é que eu não poderia e nem posso, aceitar um amor que fosse menor do que este foi. E foram todos. Todas as tentativas. E eu fui deixando cada um deles aos poucos ou às pressas. Então, [esse recado vai para uma amiga] não aceite você também, não se acomode por medo de ficar sozinha, por insegurança, por achar que o amor perfeito não existe. Talvez ele não exista da forma que a gente idealiza, mas existe o amor e a pessoa que são perfeitos pra você... e um dia ele chega, não tenha medo de acreditar e não se sujeite enquanto isso às migalhas que lhe oferecem, não se acostume com isso.
Graças à Deus não nos aconteceu nada naquele dia, mesmo meu namorado tendo reagido ao assalto, o que eu não recomendo a ninguém a fazer. Daí surgiu o verso: (deixei o texto na forma original, mesmo sabendo da reforma ortográfica, chamemos então de licença poética! rs)



PÁRA!

PÁRA!
Chega desse mundo
Chega disso tudo
Dessa toda violência

PÁRA!
Cansamos de ser escravos
Cansamos de ser subjugados
Por toda essa incompetência

PÁRA!
De chorar suas falsas lágrimas
Que não vão nos levar a nada
Beirando só a impotência

PÁRA!
De justificar como normal
O que foge do moral
Levando-nos a falência

PÁRA!
Porque até mesmo o corrompido
Muito mais do que lícito
Mostra a sua obediência

PÁRA!
Porque só o que queremos
É paz, é voz, é tempo

PÁRA!
Mas não pare nunca

quinta-feira, 22 de julho de 2010

:: Dos Caminhos

Quem diria das surpresas da vida
Dos encontros tão inesperados
Dos reencontros tanto esperados
Que um dia você voltaria

quarta-feira, 21 de julho de 2010

:: Ânsia

Sou pavio, sou pólvora
Sou gás volátil com alto poder incendiário
Sou o fogo e não fumaça
Chama ardendo em brasas
O calor que queima no âmago de todas as certezas
De todas as suas respostas
Sou o sol queimando a pele
Sou a tempestade, o raio, a luz
E ao mesmo tempo
O rio calmo que conduz

Complexa, simples
Silêncio e barulho
Tantas vezes menina, outras tantas mulher

Eu assim, no meu jeito imperfeito perfeito de ser

sábado, 3 de julho de 2010

:: SERÁ

Será que queres?
Será que gosta?
Será que pensa?
Será que sonha?

Será...
Talvez se serdes

Será que quero?
Será que gosto?
Será que penso?
Será que sonho?

Será...
Talvez se fosse

Você.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

:: Conversa

- Por onde nós vamos?

(Vamos por onde o amor acontece. Onde podemos ser nós mesmos, sem vergonhas, sem medos, sem conceitos. Vamos pelo caminho mais íngreme, não digo que ele será o mais fácil, mas a vista lá de cima sempre vale mais à pena. Vamos por onde podemos acreditar em nós mesmos e em sonhos altos, mesmo que nos agarremos um ao outro para nos segurarmos quando o vento soprar mais violento. Vamos pelo caminho das flores, mesmo sabendo que a gente se machuca com os espinhos. Vamos seguir acreditando, mesmo quando tudo ao redor nos disser não. Ainda que tenhamos só nós dois, ainda sim existirá nós dois, como num só.)

- Pode ser pela esquerda mesmo!