segunda-feira, 28 de março de 2011

:: Não caber é caber

E assim, com muita dor, eu vou embora. Não quero baixar minhas expectativas a ponto de caber nos sonhos pequenos de alguém. Quero alguém que de tão grande, não caiba neles.

terça-feira, 22 de março de 2011

:: Rascunho

Não há outro jeito quando se trata da verdade. "Continue aguentando firme" foi o que ele disse a ela sem lhe estender a mão. As palavras finais do poeta sem gestos. E o sorriso dela antes iluminado, agora era só um traço de aceitação com um pouco de cansaço. Ela sempre fora asas. Ele, pássaro aprisionado no seu próprio ser, querendo fazer verão. Ela voava, ele não.

E assim ela foi embora... Ver sentido em outras coisas, buscar outras bocas, quem sabe outros braços... Bocas que falam e braços que se entregam. Palavras primeiras de poeta com gestos. Que o "aguente firme" seja dito apenas como o complemento de "aguente firme meu amor, já estou chegando aí".

quinta-feira, 17 de março de 2011

:: Rainha do mundo

Dona dos meus passos e traços,
dona do meu destino e fracassos,
ela me levou a lugares que eu jamais pensei.
Me mostrou e me ensinou coisas que eu detestei.
Me fez conhecer a toda a gente,
tentou me adequar a todos eles,
conheci com ela os anjos e demônios.

Me fez chorar feito criança,
rir como um palhaço,
sonhar como uma louca,
amar feito uma puta,
rezar como uma santa!

Entorpeceu a minha cabeça,
quebrou e colou meu coração,
virou as minhas noites,
perdi e ganhei minhas manhas e manhãs.

Senhora do meu juízo,
lira da minha inspiração,
Gaia de toda a minha perdição!

Nau de toda gente a guiar.
Nau de toda gente a encontrar.

A última, a derradeira,
que sempre me acompanha...
Maldita Esperança!

quinta-feira, 10 de março de 2011

:: Alma gêmea

De palpável restou pouco. Mesmo com uma vida inteira do seu lado para contar. Parece que quanto mais se vive menos se tem para se dizer. E as lembranças não são suficientes para preencher o silêncio de uma vida sem você. Na verdade, sua ausência preenche de silêncio o meu vazio.
Chove agora e o cheiro da chuva invade o meu quarto pela janela, à meia luz escrevo coisas sem nexo no enorme sem-sentido de querer que as coisas façam, ganhem sentido.
A minha memória prega peças que eu não queria ter, ela falha e peca, mas meu coração não erra, não me deixa esquecer.
Sobrou em algum móvel antigo vestígios da sua vida por aqui. O armário de roupas sem suas coisas aumenta ainda mais os meus fantasmas. O mesmo que eu guardo alguns dos seus tantos casacos só porque guardavam seu cheiro, que já se foi há tanto tempo... restando só o pó e o cheiro de mofo nas coisas. Mas que eu ainda sim eu guardo por capricho de ter algo seu. Mesmo que toda minha existência seja eternamente sua, mesmo pertencendo a mundo diferentes agora, mesmo que estejamos separados pelo tempo, pela vida, pela morte, você sempre será minha e eu sempre serei seu.

:: Eternamente você

E o tempo não para...
O tempo que, aos poucos, vem jogando fios brancos nos cabelos e na barba
Que nos obriga a usar óculos e a andar de mãos dadas
Aquele que nos impôs a buscar novas maneiras para entender
O tempo que foi longo ou que foi curto demais para esquecer
Ou que tudo isso depende só da nossa maneira de ver
Aquele que nos ensinou a viver
E a amar

Quanto tempo mais?

Eternamente...

:: Ponto de chegada

Eu caminhei tanto e agora me vejo voltando ao meu ponto de partida. Mas não é como se eu tivesse perdido meu tempo, como em tantos outros casos: eu voltei só para te buscar meu amor.