quinta-feira, 24 de novembro de 2011

:: E fim

Eu passei um tempo longe de mim, longe daquela casa quentinha que a gente leva dentro da gente. Eu me afastei tanto da estrada do coração que por muito tempo eu esqueci como voltava. Eu me esforcei tanto pra cada coisa pequena caber no espaço grande do coração que levo, que só depois eu percebi que não se encaixava justamente por ser pequeno. Eu chorei durante tantas noites com o coração apertado por sentir e me sentir culpada. Eu agarrei as minhas pernas com tanta força, na tentativa errada de me prender as suas. Quantas noites eu procurei as suas mãos mas não encontrei. Quantas noites eu te busquei em silêncio sem nem você saber. Depois de tanto tempo eu olho pra trás e percebo meu sorriso naquela época: amarelo, congelado no tempo como numa fotografia velha em preto e branco. Me agarrando às cores que você me deu pra tentar pintar algo bonito pra gente. Mas não se faz aquarela de tintas escuras e imagens borradas. É o princípio das coisas: é preciso de vida para algo viver. E assim você morreu, ou eu… porque quando acabou, algo em mim também se foi. Eu não era feliz, eu sei disso, eu sei. E durante muito tempo me vesti de cores e poses que não eram minhas só pra poder te ter por perto. Até agora.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

:: Catarse

Me rotule! É o que as pessoas gostam de fazer. Rotular as coisas e as pessoas como se tudo aqui já tivesse sido criado, com nome e forma, sombra e verso, mesmo a gente se deparando com o milagre do novo a cada instante.

Então eu sou mesmo uma louca, uma desesperada. Ansiando pelo frêmito nos cabelos e o espasmo em cada músculo, a cada risada. Meu corpo procurando pelo movimento, se encaixando de incoerências e contradições, na busca voraz de sensações vividas pela ponta dos dedos e do arrepio dos pelos.

É que eu nunca fui boa nessa coisa de me esconder, de me conter, de embrulhar a vida e guardar pra depois. E pra quê? E pra quem, se não for pra mim?

Minha alma é excesso, explosão, é um vendaval que não se anunciou.

Sentir a beleza dos encontros, dos acasos, dos impactos, dos choques entre os seres quando se esbarram, é o que agora me faz feliz, ainda que essa não seja a minha maior crença.

É nessa hora que você vira e me pergunta: ”Inferno! Então no que é que você acredita?”

Eu acredito tão mais num coração pulsante...