domingo, 31 de julho de 2011

:: Carta aos suicidas

Quarto vazio e iluminado. E ela esperando o texto fazer sentido, esperando a vida fazer sentido. No resto da casa silêncio e escuro, cortados apenas pelo barulho de alguns carros e da luz tremulante vindos do lado de fora. Tudo o que ela queria era acreditar, mas às vezes essa é uma missão difícil pra quem perdeu tudo. Ter fé no amanhã e acreditar, no invisível e intocável do futuro, é uma tarefa doída quando não se tem nada. A cabeça dela está voltada pro passado e todos esperam que a cabeça dela esteja voltada para o presente e todos pedem que ela continue firme olhando pra frente. Mas ela tá cansada de levar sorriso fingido no rosto, cansada de esticar as mãos e não se agarrar em nada. Não adianta o quanto se esteja subindo, não há vitória no caminho que se percorre sozinho é o que ela acha. Cercada de pessoas e rostos familiares, e ela ali, sentindo-se presa aquela multidão de coisas sem sentido. Ela procura um único rosto, mas não encontra. Não há saída ou outra porta de entrada, só o vazio de uma sala cheia. Ela agora entende os suicidas, viver assim também mata.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

:: Poesia em você

Amo sua imagem refletida em mim

verso dos próximos capítulos...

:: O que ninguém sabe

Tem coisas no meu mundo que ninguém sabe, tem segredos que eu não conto nem pra mim mesma, com medo de falar alto e virar verdade.
Lágrimas que escorrem e ninguém vê. Gritos sufocados a noite que ninguém escuta. Noites de escuridão em plena luz do dia. Vazio e solidão rodeada de pessoas. Sorriso aberto, com tristeza lá dentro. Essa ausência que me preenche tanto.
Ninguém me enxerga, ninguém me vê.
Ninguém percebe que atrás desses sorrisos e olhares e bocas e roupas e lugares que me pertencem, eu não pertenço a nada.
Talvez alguns saibam lá fundo, ou quem sabe captem algum momento meu mais frágil, mas ninguém registra. Mais fácil viver na ignorância, mais cômodo. Já é difícil a gente viver a nossa tristeza, viver a dos outros então, nem pensar...