quinta-feira, 10 de março de 2011

:: Alma gêmea

De palpável restou pouco. Mesmo com uma vida inteira do seu lado para contar. Parece que quanto mais se vive menos se tem para se dizer. E as lembranças não são suficientes para preencher o silêncio de uma vida sem você. Na verdade, sua ausência preenche de silêncio o meu vazio.
Chove agora e o cheiro da chuva invade o meu quarto pela janela, à meia luz escrevo coisas sem nexo no enorme sem-sentido de querer que as coisas façam, ganhem sentido.
A minha memória prega peças que eu não queria ter, ela falha e peca, mas meu coração não erra, não me deixa esquecer.
Sobrou em algum móvel antigo vestígios da sua vida por aqui. O armário de roupas sem suas coisas aumenta ainda mais os meus fantasmas. O mesmo que eu guardo alguns dos seus tantos casacos só porque guardavam seu cheiro, que já se foi há tanto tempo... restando só o pó e o cheiro de mofo nas coisas. Mas que eu ainda sim eu guardo por capricho de ter algo seu. Mesmo que toda minha existência seja eternamente sua, mesmo pertencendo a mundo diferentes agora, mesmo que estejamos separados pelo tempo, pela vida, pela morte, você sempre será minha e eu sempre serei seu.

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