quinta-feira, 25 de agosto de 2011

:: Do amor e outras coisas

Há coisas que não precisam ser ditas, mas mesmo assim é preciso saber com o coração, que lá no fundo, por mais que a gente saiba e os gestos contem, ouvir de quem se ama que se ama, nunca é demais. Não deixar lacuna nos dias, nas ações e nos diálogos, não deveria ser algo que a gente aprende, aceite e passe a conviver. Tem tanta gente melhor do que solidão a dois machucada. A gente deveria perder o medo de viver com a gente mesmo desde cedo, mas parece que a gente só aprende depois de levar tanta rasteira da vida. Brigas e desentendimentos fazem parte de qualquer crescimento de uma relação, a gente briga com a gente mesmo a toda hora, por querer se desprender de tanta amarra que se leva no peito, que dirá com outra pessoa que teve experiências tão diferentes das nossas. O que não pode e não se deve aceitar é essa parte ser maior do que os dois juntos. É preciso ter espaço pra sentir, ser, crescer, mas sempre em liberdade, que é pra não arranhar. Como toda plantinha que precisa de cuidado todo dia, mas se você um dia não aumenta o vasinho com a terra que ela precisa, um dia ela para de crescer. E eu vejo tanta história de relação morrer assim todos os dias... E histórias de gente apressada que quer transformar semente em árvores. Nada cresce assim, a natureza tem seu tempo assim como o coração da gente. E quando uma história não vai bem, não significa que todas as outras que viver serão assim. Mas é preciso vigiar o coração pra não repetir padrões. E é preciso de tempo, muito tempo. Um coração ferido, não ama, não se entrega, não vê beleza onde quer que olhe, tudo dói e tudo pesa. Aí depois a gente fica se perguntando porque não deu certo. Uma vez li que não existe a pessoa certa e sim, a hora e o momento certo, quando li isso pela primeira vez discordei, achei absurdo e fiquei revoltada. Tão longe do sonho romântico que a gente carrega desde menina, com histórias de príncipes encantados prometidos e Cinderelas em carruagem com cavalos brancos. Mas quando li pela segunda vez eu entendi: há momentos na nossa vida que não estamos preparados pra receber, nem dar, amor. Quantas pessoas realmente legais já passaram por nós e nós nem enxergamos; quantas vezes a gente já olhou escondido pro passado e se perguntou o que teria acontecido se tivesse dado tal chance a tal pessoa; quantas relações seriam diferentes em épocas diferentes, com idades e maturidades diferentes... Quanto mais eu cresço eu vejo que estar com a pessoa certa tem mais a ver com o momento certo do que propriamente com ela. Eu sei, eu sei... é difícil aceitar isso e se desfazer dos sonhos e de papéis encantados que um outro ser humano exerce na gente. Mas se desfazer das desilusões é encontrar o caminho mais cedo para a felicidade. Que assim o encontro - que todos nós levamos secretamente lá no fundo, de almas perfeitas e gêmeas que se encontram e se encaixam desde o primeiro olhar - possa ser mais verdadeiro e mais justo com o outro e com a gente mesmo. Pra que aí sim, o encontro possa ser inteiro.

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