terça-feira, 3 de abril de 2012

:: Primavera

Meu corpo anda cansado, mas minha mente é forte. Andei por lugares de vegetação densa, nas noites escuras de um inverno sombrio, carregada por minhas pernas fracas, quase sempre cambaleantes. Segui sem rumo sem prestar atenção nos caminhos, alheia às coisas e corações tranquilos.

Minhas mãos calejadas pelo infortúnio da descrença, da lágrima contida, da atrofia do riso, da camuflagem que me vesti e esqueci de tirar. Pra me proteger de um mundo como se o próprio mundo não protegesse àqueles que decidem acreditar.

Hoje eu sei, quantas mãos passaram pelo caminho estendidas e deixei de agarrar. Quantos braços nos abraços não consegui dar, quantos corações vieram e não consegui me doar, não consegui.

Presa por voragens e amarras que não consegui desatar, não consegui.

Do grito preso no fervor das minhas entranhas que não consegui soltar. Até perceber que o caminho em si já era a resposta e não um lugar propriamente dito...

Até que a dádiva da primavera em mim se fez quando você chegou. Você me invadiu assim, sem a permissão pensante, dos que chegam sem avisar, com seus cheiros, aromas, flores e cores.

E tal qual ela, conforme os dias passam, o dia aumenta e a noite encurta aos poucos, a luz dos dias foi brincando no meu rosto. De ser leve, de ser livre, de ser doce. Tal qual o barulho de brisa presa-eterna-livre de uma concha do mar.

E de repente quando me vi, estava fechando meus olhos para poder te encontrar. Pois já não é mais a mesma noite, nem mais o mesmo dia, tão pouco eu jamais...

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