sábado, 24 de julho de 2010

:: PÁRA!

Escrevi esse texto que vem logo abaixo, em 2006, pouco tempo depois de ter sido assaltada. Eu estava no carro com meu namorado na época e um indivíduo nos abordou com uma escopeta em pleno domingo por voltas das 17 horas, numa rua com bastante movimento. É assustador. Você se vê à mercê de alguém que aponta uma arma pra você, que ali, naquele momento, partiu pro tudo ou nada. Ele não quer saber de perder e, você sabe disso e ganha plena consciência naqueles poucos segundos em meio ao desespero e ao medo. E você nem se imagina perdendo algo importante, naquele caso ali, a minha vida e o meu amor. É uma coisa que me marcou bastante, na verdade, pelo resto da minha vida e pelo resto da dele também, nos rendendo até uma tatuagem. Naquele dia meu namorado salvou minha vida, ele se propôs a morrer para que eu vivesse e não existe expressão de amor maior do que esta. E o que eu fico pensando hoje, depois de tanto tempo e de ter vivido tantos sentimentos intensos na época, é que eu não poderia e nem posso, aceitar um amor que fosse menor do que este foi. E foram todos. Todas as tentativas. E eu fui deixando cada um deles aos poucos ou às pressas. Então, [esse recado vai para uma amiga] não aceite você também, não se acomode por medo de ficar sozinha, por insegurança, por achar que o amor perfeito não existe. Talvez ele não exista da forma que a gente idealiza, mas existe o amor e a pessoa que são perfeitos pra você... e um dia ele chega, não tenha medo de acreditar e não se sujeite enquanto isso às migalhas que lhe oferecem, não se acostume com isso.
Graças à Deus não nos aconteceu nada naquele dia, mesmo meu namorado tendo reagido ao assalto, o que eu não recomendo a ninguém a fazer. Daí surgiu o verso: (deixei o texto na forma original, mesmo sabendo da reforma ortográfica, chamemos então de licença poética! rs)



PÁRA!

PÁRA!
Chega desse mundo
Chega disso tudo
Dessa toda violência

PÁRA!
Cansamos de ser escravos
Cansamos de ser subjugados
Por toda essa incompetência

PÁRA!
De chorar suas falsas lágrimas
Que não vão nos levar a nada
Beirando só a impotência

PÁRA!
De justificar como normal
O que foge do moral
Levando-nos a falência

PÁRA!
Porque até mesmo o corrompido
Muito mais do que lícito
Mostra a sua obediência

PÁRA!
Porque só o que queremos
É paz, é voz, é tempo

PÁRA!
Mas não pare nunca

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