segunda-feira, 21 de junho de 2010

:: Mulher comum

Ela chega do trabalho. Abre a porta de casa e procura por alguém mesmo sabendo que não haverá resposta. Ela lentamente tira seu sapato e massageia seus pés cansados depois de um dia cheio. Enquanto isso, ela vai pensando no tanto que ainda tem que fazer, como num dia normal, com tantas outras obrigações que ainda tem que cumprir. E por uns instantes ela se esquece do que gostaria de fazer e não pode devido ao tempo ou das impossibilidades da vida mesmo.
Ela se encaminha para o banheiro e se despe de todas as suas roupas e preocupações. E por um momento, só o que ela deseja é que a água quente a percorra aquecendo seu corpo e sua ideias.
Depois do banho, como que num ritual quase que sagrado, ela se joga numa poltrona da sala-de-estar, deixando o sol frio do fim das tardes de junho brincar de luz em seu rosto. Como toda mulher mais comum ela deseja as coisas simples da vida: viver um grande amor, casamento, filhos, em família... daquelas que só a gente constrói.
Serão esses pensamentos sonhos, desejos reais ou loucura de mais um dia que se despede virando noite em solidão?
Ela interroga seu espelho e se pergunta se seria tão errado assim ter ambições tão simplórias diante da complexidade de todos os seres, interagindo com todas as coisas, na corrida silenciosa de todos os relógios frenéticos com suas horas aflitas.
E ela pensa no vinho que ainda não abriu, no espasmo que ainda não sentiu, do grito que se preveniu, no choro que previu a clareza de todas as suas ânsias, de todas as dúvidas, de todas as certezas, de todas as suas respostas.

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